O trabalho da Embrapa, a agência brasileira de pesquisas agrícolas, ajudou a transformar o Brasil no que o ex-secretário de Estado americano Colin Powell classificou como "superpotência agrícola", destinado a ultrapassar os Estados Unidos como líder na exportação mundial de alimentos, segundo afirma reportagem publicada nesta terça-feira (02) pelo jornal The New York Times.
Segundo o diário, os laboratórios da Embrapa em Planaltina, no Distrito Federal, se tornaram "uma parada obrigatória para qualquer líder do terceiro mundo em visita ao Brasil".
"Apesar de pouco conhecida na América do Norte, a Embrapa se tornou em três décadas uma líder mundial em pesquisas sobre agricultura tropical e está se movendo agressivamente para áreas como biotecnologia e bioenergia", diz a reportagem.
Segundo o jornal, a Embrapa "deve muito de sua reputação ao trabalho pioneiro no cerrado".
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"Considerada inutilizável por séculos, a região se transformou em menos de uma geração no cinturão verde brasileiro, graças à descoberta de que os solos podem se tornar férteis com a adição de fósforo e cal, cuja fórmula foi desenvolvida pelos cientistas da Embrapa", diz a reportagem.
Soja
O texto também relata que a Embrapa ajudou na disseminação do "principal cultivo da região" ao desenvolver 40 variedades tropicais de soja, por muito tempo considerada um cultivo de regiões temperadas.
"Como resultado, o Brasil é hoje o maior exportador mundial de soja e de carne e um crescente exportador de algodão", diz o jornal.
Segundo a reportagem, "sob a nova definição ampliada de agricultura da Embrapa, nada parece fora do limite, de um novo tipo de suíno tropical que tem menos gordura e colesterol à extração de bio-polímeros de aranhas".
"Conseguir financiamento adequado é sempre um problema para qualquer instituição de pesquisas no Brasil. Há dois anos, porém, o Congresso brasileiro aprovou uma lei que permite à Embrapa lucrar com suas pesquisas e ampliou a habilidade da agência de conseguir parcerias", relata a reportagem.
Avanço no exterior
O jornal comenta ainda que além das parcerias privadas, a Embrapa também conta com o apoio de organismos multilaterais de crédito e de desenvolvimento, como o Banco Mundial, para se tornar mais conhecida no exterior.
"Apesar de ter há tempos programas de intercâmbio que trouxeram cientistas da América Latina, da África e da Ásia para trabalhar em seus laboratórios, só recentemente a Embrapa abriu seu primeiro escritório no exterior, em Gana, sede do Fórum para Pesquisas Agrícolas na África", diz o jornal.
A reportagem conclui afirmando que "assim como a fabricante de aviões Embraer, que encontrou um nicho lucrativo vendendo jatos de pequeno porte, a Embrapa parece disposta a se concentrar em comercializar o know-how que desenvolveu em cultivos e produtos comumente ignorados pelas pesquisas das instituições dos países industrializados do Hemisfério Norte".