O Brasil está fazendo um esforço diplomático juntamente com Índia, China e México para pressionar os países industrializados a reconhecer que historicamente eles poluíram mais do que as nações emergentes. A articulação esteve em andamento nesta quarta-feira (02) durante o terceiro dia da conferência que vai definir a versão final da terceira parte do relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) da Organização das Nações Unidas (ONU).
Os quatro grandes emergentes querem incluir no texto oficial uma referência atribuindo aos países ricos responsabilidade pelo aquecimento global. Mas ainda não há indícios de que as nações industrializadas vão concordar com esta menção.
"A idéia é situar o fenômeno do aquecimento global em uma perspectiva histórica", disse um delegado do IPCC sob sigilo à BBC Brasil.
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Os participantes estiveram reunidos a portas fechadas e não têm permissão para conversar com a imprensa até a divulgação oficial do documento, na sexta-feira.
"Se o aquecimento global for compreendido como um processo irreversível é preciso colocar isso em uma perspectiva histórica e quantificar a responsabilidade que cada país tem neste processo", defendeu o delegado.
O texto faria menção à poluição causada no período anterior a 1974 e destacaria que alguns países industrializados foram responsáveis pelas emissões de carbono nesta época.
Relatório
Delegados e cientistas de mais de 120 países estiveram reunidos em Bancoc, na Tailândia para redigir um sumário de políticas que serão recomendadas a todos os membros da ONU. O sumário serve de base para o desenvolvimento de políticas domésticas de proteção ao meio-ambiente.
O documento de Bancoc é a terceira parte de um extenso levantamento que estima a extensão do problema do aquecimento global e sugere soluções. O texto que será divulgado na sexta-feira deve abordar maneiras de aliviar os efeitos do aquecimento global e esclarecer os custos e prazos para isso.
A primeira parte do relatório anual foi divulgada em Paris em janeiro e concluiu que o fenômeno do aquecimento global é de fato causado pelo homem. A segunda parte abordou os impactos das mudanças climáticas e foi divulgado em Bruxelas no começo do mês.
Em novembro, os delegados devem se reunir novamente, desta vez em Valência na Espanha, para compilar as três partes do relatório em um documento final sintetizando as principais conclusões do IPCC.