A população da cidade espanhola de Lalín decidiu em plebiscito que o carnaval local fosse aberto por passistas brasileiras, em meio a um intenso debate sobre uma eventual descaracterização da festa.
As passistas brasileiras eram presença garantida na Festa do Cozido de Lalín, que abre o carnaval espanhol. Mas foram afastadas das celebrações nos últimos oito anos porque os políticos da oposição argumentavam que o samba não fazia parte da cultura européia.
O prefeito do município, de 20 mil habitantes (na Galícia, norte do país), apelou então para a votação popular.
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No plebiscito, 75% da população votou a favor da volta da batucada e das passistas brasileiras e foram elas que abriram a festa na quarta-feira.
"O povo falou. E promessa é dívida. Aí estão as garotas brasileiras. São autênticas, como as que aparecem na TV do carnaval do Rio de Janeiro, olhem, olhem a sensualidade feminina!", disse no microfone o prefeito Xosé Crespo Iglesias, que animou o desfile da última quarta-feira.
"Polêmica estúpida"
A chegada do grupo brasileiro fez a população da cidade triplicar. Segundo a prefeitura, havia 60 mil pessoas no mini-sambódromo da Praça da Igreja e a expectativa é repetir a lotação das arquibancadas no desfile deste sábado.
Sob uma temperatura que não superava os 6º C, as passistas e os ritmistas desfilaram pelas ruas (inclusive ante o único padre da cidade) ao som de sambas-enredo e no final, do hino nacional do Brasil.
A decisão do prefeito, do partido conservador, de organizar um plebiscito provocou críticas da oposição.
O grupo socialista chamou o evento de "cozido-show" e disse que a cidade passou a ser conhecida "por uma estúpida polêmica que deixa de lado debates mais importantes, como se a maior preocupação fosse saber se o povo quer ou não ver bundas de fora", disse o porta-voz do Partido Socialista, Manuel Aller.