A China impediu hoje um encontro entre autoridades europeias e Liu Xia, esposa do ganhador do Prêmio Nobel da Paz, o defensor da democracia Liu Xiaobo, que está preso há dois anos. O governo chinês cortou o acesso telefônico à esposa de Xiaobo e cancelou o encontro que teria com autoridades da Noruega. Liu Xia está vivendo em prisão domiciliar desde sexta-feira. Ela foi informada que, se quiser sair de sua casa, deverá ser escoltada por um carro da polícia, de acordo com relato do grupo Direitos Humanos na China.
Liu Xia informou que está sem comunicação telefônica e sem internet, que foram cortadas, impedindo que ela se comunique com a mídia ou com seus amigos. O cancelamento do encontro de hoje foi visto como uma retaliação da China ao prêmio dado a Liu, um critico literário de 54 anos, que foi condenado a 11 anos de prisão por incitar a subversão. Liu, que se encontrou brevemente com sua esposa neste domingo, dedicou o prêmio às "almas perdidas" nas manifestações estudantis de 1989.
Simon Sharpe, o primeiro secretário de relações políticas da União Europeia na China, disse que ele foi se encontrar com Liu Xia em sua casa em Pequim para entregar pessoalmente uma carta de congratulações do presidente da Comissão Europeia José Manuel Barroso. Sharpe estava acompanhado de diplomatas de 10 outros países incluindo Suíça, Suécia, Polônia, Hungria, República Tcheca, Bélgica, Itália e Austrália. No entanto, três guardas uniformizados no portão principal do apartamento de Liu impediram a entrada do grupo. Eles disseram que para entrar, eles teriam que chamar alguém do apartamento para liberar a entrada. Mas como Liu Xia estava sem telefone, era impossível chamá-la.
Leia mais:
Em nova acusação contra Diddy, homem diz que foi drogado e estuprado em carro
Opas se preocupa com aumento de casos de dengue, oropouche e gripe aviária nas Américas
La Niña ainda pode ocorrer em 2024, mas sem força para reverter aquecimento, diz agência
Polarização é palavra do ano de 2024 para dicionário Merriam-Webster
Nobel
Ao premiar Liu, o comitê do Nobel, localizado na Noruega, homenageou as mais de duas décadas de defesa dos direitos humanos e de mudanças democráticas pacíficas realizadas por ele, desde as manifestações pela democracia na Praça de Tiananmen, em Pequim, em 1989, até o manifesto de reforma política da qual ele foi coautor e que culminou na sua prisão. O governo de Pequim reagiu furiosamente ao anúncio do prêmio na sexta-feira, chamando Liu de criminoso e ameaçando a Noruega de rompimento de relações, mesmo sendo o comitê do prêmio Nobel uma organização independente.
Na segunda, o governo cancelou abruptamente um encontro que havia sido marcado para quarta-feira entre o ministro da Pesca da Noruega, Lisbeth BErg-Hansen e sua contraparte chinesa. Berg-Hansen estava na China em uma viagem de uma semana para visitar a World Expo em Xangai. O dalai-lama criticou a China por sua resposta ao Prêmio Nobel da Paz, dizendo que o governo deve mudar. O líder espiritual tibetano, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1989, disse que Pequim deve reconhecer que promover uma sociedade livre é a única forma de salvar todas as pessoas na China.
Também nesta segunda, quatro especialistas em direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgaram um documento pedindo a imediata libertação de Liu. A ONU pediu que "todas as pessoas presas por exercer pacificamente seu direito de liberdade de expressão" fossem libertadas.