Saddam Hussein será afastado definitivamente do comércio iraquiano. Apesar de sua destituição ter acontecido a mais de seis meses, as cédulas do dinar, moeda local, continuavam a ser estampadas com o rosto do ditador.
A partir de hoje, dia 15 de outubro, as antigas notas serão substituídas por uma nova coleção de cédulas. A troca é recebida como símbolo do renascimento da economia do país pelos comerciantes que, apesar da crise, tem motivos para celebrar o reaquecimento de seus negócios.
O desemprego cresceu, o dinar desvalorizou em quase 100%, mas o poder de compra de quem ainda tem dinheiro aumentou. O fato insólito se deve a enorme carga tributária imposta pelo regime de Saddam.
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Com os novos tempos e a não cobrança de impostos, o preço dos produtos caiu drasticamente. Eletroeletrônicos nunca foram vendidos em tanta quantidade, e o mesmo ocorre com o comércio de carros, principalmente os usados.
Os fatos curiosos não param por aí. Em função da grande desvalorização da moeda, surgiu uma nova modalidade para se calcular a troca de cédulas antigas pela novas. Um pequeno exército de cambista com suas escrivaninhas posiciona-se diariamente ao longo das ruas do centro de Bagdá. Já não contam mais o dinheiro, utilizam balanças para pesar as volumosas pilhas de 250 notas de dinares antigos para calcular o valor que deve ser trocado.
"O dinar estava indo bem logo após a guerra. Um dólar chegava a valer 1 mil dinares, mas agora já passam dos 2 mil", reclama um dos cambistas. "O dólar tornou-se uma moeda importante. Além disso, muitos dinares falsificados estão atualmente em circulação, aumentando a necessidade de trocarmos nossa moeda".
Embora o desemprego tenha aumentado após a guerra, as pessoas ainda empregadas possuem mais dinheiro para gastar do que antes. A Autoridade Provisional da Coalizão (CPA), uma das organizações mais poderosas do Iraque, elevou significativamente os salários dos funcionários civis. Pessoas que anteriormente ganhavam 10 dólares por mês, recebem hoje, em alguns casos, até dez vezes mais. Além disso, o Iraque tornou-se um paraíso fiscal para as exportações estrangeiras, situação que será mantida até o final do ano.
As conseqüências são claramente visíveis nas ruas de Bagdá: milhões de carros usados de todo o mundo chegaram ao país. Surpreendentemente muitos desses automóveis têm placas holandesas.
A nova força policial iraquiana instalou postos fiscais nas principais rodovias do país a fim de localizar carros roubados, tarefa complicada para uma nação jogada ao caos. "Temos de considerar legais automóveis com placas estrangeiras, pois não temos instrumentos para checar a idoneidade dos documentos apresentados pelos motoristas", conta um policial.