Os Estados Unidos avaliam enviar armas para os rebeldes sírios, após dois anos de recusa em adotar essa alternativa. As evidências do uso de armas químicas pelo governo de Bashar Assad, anunciadas na semana passada pela própria Casa Branca, elevaram as pressões internas, dos rebeldes sírios e da França e Grã-Bretanha sobre Obama por um envolvimento decisivo dos EUA no fim da guerra civil.
Embora tenha dito que o uso de armas químicas significa uma "mudança no jogo" e ultrapassa a "linha vermelha", Obama se vê diante de uma complicada equação e por isso ainda não tomou uma decisão. Há risco de as armas americanas caírem nas mãos de rebeldes vinculados à Al-Qaeda e a outros grupos extremistas islâmicos. Mas sua omissão pode estender um conflito que já causou mais de 70 mil mortes e torná-lo ainda mais violento. As forças de Assad controlam o maior estoque de armas químicas do mundo.
Nos EUA, Obama enfrenta a resistência dos americanos ao envolvimento do país em um novo conflito - mesmo sem o envio de tropas - e a objeção dos setores militares à imposição de uma zona de exclusão aérea. Diferente do caso líbio, na Síria as bases aéreas estão em regiões densamente povoadas.
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A via da negociação de um acordo de paz, com a saída de Assad e o início de uma transição política, é a favorita da Casa Branca. Mas a via militar não está descartada. "Nós continuamos a considerar todas as opções possíveis que possam ajudar no nosso objetivo de apressar a transição política", afirmou nesta quarta-feira a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Caitlin Hayden.
Nas Nações Unidas, os EUA precisam do aval da Rússia para possíveis ações militares. O governo de Vladimir Putin, aliado de Assad, resiste. O secretário de Estado americano, John Kerry, se encontrará nos próximos dias com o ministro russo de Relações Exteriores, Sergei Lavrov, para tratar do assunto e preparar uma reunião entre Obama e Putin em junho, na Irlanda do Norte.
Mísseis. Os rebeldes querem dos EUA baterias antitanques e mísseis terra-ar. Em carta enviada a Obama no dia 30 de abril, o líder do grupo rebelde Exército de Libertação Sírio, general Salim Idriss, sublinhou que seus comandados não têm "nem o treinamento nem o equipamento para conter os efeitos das armas químicas de Assad nem para destruí-las". "Assad não toma as suas cuidadosas frases de condenação como ameaça, mas como brecha para justificar o uso de armas químicas em pequena escala", disse a Obama.
O envio de armas letais colocaria Washington em linha com importantes aliados no mundo árabe - Arábia Saudita, Catar e Jordânia - e na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A França e a Grã-Bretanha querem levantar o embargo da União Europeia ao envio de armas à síria para poder suprir os rebeldes.
Os EUA têm oferecido para as forças jordanianas e os rebeldes sírios treino sobre como lidar com ataques de armas químicas e, até agora, já desembolsaram US$ 425 milhões em ajuda humanitária. Também fecharam os olhos para os embarques de armas aos rebeldes por vizinhos árabes da Síria - muitas delas, enviadas para grupos extremistas.