A Marinha francesa acredita ter localizado, em uma área limitada que teria entre três e cinco quilômetros quadrados, as caixas-pretas do voo 447 da Air France, informou nesta quinta-feira o ministério francês da Defesa.
O Airbus da companhia Air France caiu sobre o Atlântico após decolar do Rio de Janeiro com destino a Paris em 31 de maio do ano passado (pelo horário brasileiro) com 228 pessoas a bordo.
"Mas isso não significa que vamos encontrar as caixas-pretas", ressaltou, no entanto, o general Christian Baptiste, porta-voz do ministério da Defesa.
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"As balizas das caixas-pretas não emitem mais nenhum sinal sonoro. A área que foi localizada corresponde à superfície de Paris, onde será preciso localizar objetos do tamanho de uma caixa de sapatos, com um relevo submarino que corresponde à Cordilheira dos Andes", declarou o porta-voz da Marinha francesa, Hugues du Plessis d’Argentré.
Ele afirma que a localização de uma área mais precisa de buscas poderá permitir encontrar destroços importantes do avião, que poderão ser utilizados nas investigações das causas do acidente. "Se tivermos muita sorte, talvez as caixas-pretas estejam presas em algum pedaço da aeronave", diz o porta-voz da Marinha.
Martine Delbono, porta-voz do BEA, órgão francês que investiga as causas do acidente, disse à BBC Brasil que o BEA foi informado sobre a identificação dos sinais das caixas-pretas na noite de quarta-feira pelo ministro dos Transportes, Dominique Bussereau, que havia recebido a notícia do ministério da Defesa.
"Neste momento, estamos verificando as informações. Só depois poderemos validá-las ou não. Equipes atualmente na área de buscas, no Atlântico, e também em Paris vão analisar os novos dados", disse a porta-voz na manhã desta quinta-feira.
Os técnicos da Marinha reanalisaram gravações submarinas que haviam sido feitas durante a primeira fase de buscas das caixas-pretas do avião, em meados de junho do ano passado, cerca de três semanas após a tragédia.
Essas gravações, realizadas pelos potentes sonares do submarino nuclear francês Émeraude, em junho passado, puderam agora ser exploradas com a ajuda de um programa de computador mais sofisticado, não disponível na época.
O novo software permitiu aos especialistas da Marinha, no início desta semana, identificar que os sons gravados no ano passado seriam os emitidos pelas balizas das caixas pretas do avião, afirmou o ministro da Defesa, Hervé Morin.
Um porta-voz da Thales, empresa que desenvolveu o programa de computador - e também fabrica os sensores de velocidade Pitot, que teriam congelado durante o voo 447 e foram apontados como uma das causas do acidente - afirma que as novas análises permitiram identificar três sons que correspondem aos sinais emitidos pelas balizas das caixas pretas.
"São sinais característicos das caixas pretas em função da frequência, em hertz, da duração do impulso sonoro e diferentes parâmetros técnicos que correspondem aos sinais emitidos por balizas", diz o porta-voz.
As balizas não emitem mais, há vários meses, os sinais sonoros que permitem facilitar sua localização.
Mesmo assim, a Marinha francesa acredita que o fato de ter delimitado uma zona de buscas de apenas três a cinco quilômetros quadrados aumenta consideravelmente as chances de encontrar as caixas-pretas.
Na terceira fase de buscas das caixas-pretas, iniciada em março deste ano, os especialistas vasculharam uma área de 2 mil quilômetros quadrados ao noroeste da última posição conhecida do avião. No início desta semana, o BEA havia anunciado o prolongamento desta terceira fase de buscas.
Um robô equipado com câmeras de vídeo será enviado em breve para percorrer a nova área bem mais reduzida.
No entanto, Luc Chatel, porta-voz do governo francês, declarou nesta quinta-feira a uma rádio francesa que é preciso ter "extrema prudência" em relação às informações.
"Por enquanto, trata-se de uma zona de localização. Depois, é preciso saber se será possível recuperar as caixas-pretas e em que profundidade elas estariam. Seria uma excelente notícia para todos, principalmente para as famílias das vítimas, para saber o que realmente aconteceu nesse voo Rio-Paris, mas prefiro me manter muito prudente no momento", afirmou Chatel.
As caixas-pretas do avião são fundamentais, diz o BEA, para descobrir as causas do acidente.
Até o momento, os investigadores do BEA afirmaram que houve falhas nos sensores de velocidade do avião, mas que isso "seria um elemento, não a causa do acidente".