A Igreja Católica divulgou nesta quarta-feira pela primeira vez o número de processos por pedofilia contra membros do clero na Itália movidos pela Justiça do Vaticano nos últimos dez anos.
"Em termos gerais e verdadeiros, podemos dizer que uma centena de casos foram registrados em processos canônicos nos últimos dez anos", informou o secretário-geral da Conferência Episcopal Italiana, monsenhor Mariano Crociata.
Embora tenha fornecido o número de processos, Crociata não disse quantos religiosos foram condenados, nem se eles foram expulsos da Igreja ou entregues às autoridades civis.
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Há meses a imprensa vem divulgando casos de sacerdotes católicos acusados de cometer abusos sexuais contra menores de idade em institutos de educação e em seminários católicos em diversos países.
A pressão da imprensa obrigou o Vaticano a fornecer mais informações sobre os casos e tomar uma posição mais dura em relação às alegações, que durante anos foram acobertadas pela própria Igreja.
‘Horror à pedofilia’
Segundo Crociata, não é necessário instituir na Itália uma comissão especial para cuidar dos casos de abusos, seguindo o exemplo do que ocorreu na Alemanha e na Áustria.
"As indicações que o papa deu na carta aos irlandeses e as orientações da Congregação para a Doutrina da Fé oferecem tudo o que é necessário para continuar enfrentando os casos que surgirem", afirmou.
"O povo católico tem horror à pedofilia, quer que seja confrontada com transparência e com as medidas necessárias, mas, uma vez superado o problema, quer que a Igreja cresça em termos de qualidade", disse.
O clérigo ressaltou que, embora a lei italiana não obrigue os bispos a denunciarem os padres acusados de abusos às autoridades civis, a Igreja Católica, de própria iniciativa, pretende colaborar com a Justiça.
Novo caso
Casos de padres católicos processados por pedofilia têm sido divulgados com mais frequência pela imprensa italiana nos últimos meses.
Na segunda-feira, um padre de 73 anos, Domenico Pezzini, da diocese de Lodi, próximo de Milão, foi preso sob acusação de ter abusado de um menino de 13 anos de idade durante três anos. Atualmente a vítima tem mais de 18 anos.
Após uma busca na casa do prelado, os agentes da polícia encontraram material pornográfico envolvendo crianças.
O clérigo foi professor de inglês na Universidade de Verona e é conhecido por sua atividade pastoral com grupos de católicos homossexuais.