O governo do Japão admitiu nesta sexta-feira que poderia ter reagido mais rapidamente ao terremoto e tsunami que atingiram o país há uma semana e desencadearam uma crise nuclear ao danificar a usina de Fukushima Daiichi, no leste do país.
O porta-voz do governo, Yukio Edano, afirmou em uma entrevista coletiva que os planos de contingência não conseguiram antecipar a escala do desastre.
Nesta sexta-feira, o primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, se reuniu em Tóquio com o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica da ONU (AIEA), o japonês Yukiya Amano, que manifestou preocupação com a falta de informações sobre o ocorrido em Fukushima.
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Amano afirmou que a comunidade internacional quer "um maior volume de informações corretas mais rapidamente" e ainda acrescentou que algumas informações "específicas" divulgadas pelo Japão estavam "erradas".
"Eu prometo que nós divulgaremos o máximo de informações possível (sobre a usina) para a AIEA, assim como para a população do mundo", disse Kan a jornalistas, antes do encontro, segundo a agência Kyodo.
Amano afirmou também que uma equipe da agência será deslocada "em alguns dias" para a área da usina, para monitorar os níveis de radiação no local.
Situação grave
Yukiya Amano disse a jornalistas em Tóquio que a agência está muito preocupada com a situação na usina nuclear de Fukushima Daiichi, mas que, apesar de grave, a situação na central atômica não piorou significativamente nas últimas 24 horas.
"Acreditamos que o acidente na usina nuclear de Fukushima é grave e um alto nível de radioatividade foi observado no portão da usina", disse Amano., disse Amano.
Na usina, as equipes continuam tentando restabelecer o fornecimento de energia e jogando água para resfriar os reatores superaquecidos.
Nesta sexta-feira o Japão elevou de quatro para cinco o nível do acidente na usina nuclear. em uma escala internacional de sete pontos que mede a gravidade de desastres atômicos.
Imagens de satélite desta sexta mostraram danos na usina de Fukushima
A decisão da agência nuclear japonesa ocorreu devido ao dano causado ao núcleo dos reatores e ao vazamento contínuo de radiação, e classifica a situação como um "acidente com amplas consequências".
Segundo a agência, a avaliação é específica para as explosões ocorridas nos reatores 1, 2 e 3.
O sistema de resfriamento dos reatores da usina foi danificado durante o terremoto de magnitude 9 que atingiu o país no último dia 11, mergulhando o país em uma crise nuclear.
A mudança de nível coloca o acidente de Fukushima dois níveis abaixo do desastre da usina de Chernobyl, ocorrido em 1986 na Ucrânia (na época, parte da União Soviética).
A medida também iguala o caso japonês ao acidente na usina nuclear de Three Mile Island, na Pensilvânia (Estado no nordeste dos Estados Unidos), em 1979.