Em duas operações distintas, a polícia japonesa prendeu 58 brasileiros acusados de envolvimento em furtos e roubos de veículos praticados em várias províncias do Japão.
Em uma das operações, a polícia desbaratou uma quadrilha acusada de furtar mais de 600 veículos em 13 províncias e prendeu, desde o ano passado, 45 pessoas, incluindo 35 brasileiros.
Integrada também por japoneses, russos, alemães e afegãos, o grupo desmontava os carros roubados e enviava peças ou partes dos veículos para países do Oriente Médio.
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A polícia informou que os russos e alemães agiam como receptadores e que, entre os veículos furtados, estão cerca de 160 caminhonetes Toyota Land Cruiser, carros esportivos ou de luxo e caminhões.
O valor total envolvido nos crimes da quadrilha chega a 1,7 bilhão de ienes (27,7 milhões de reais).
Máfia
Em outra operação que está sendo realizada desde agosto de 2002, a Polícia da Província de Mie prendeu 23 brasileiros acusados de praticar 269 roubos e furtos. A prisão mais recente foi efetuada em 6 de fevereiro.
A imprensa japonesa informou que os brasileiros, incluindo uma mulher, se dividiam em subgrupos de dois a quatro integrantes para roubar ou furtar carros e acessórios de veículos e que 16 deles já foram sentenciados.
Com idade entre 18 e 31 anos, os brasileiros são, em sua maioria, ex-operários de fábricas e trabalhadores de oficinas mecânicas, todos moradores das cidades de Suzuka e Yokkaichi, da Província de Mie.
Ainda segundo a imprensa, houve casos de roubo de veículos em que as vítimas sofreram ferimentos e em que o acusado simulou o furto do próprio carro para conseguir o dinheiro do seguro.
Ouvida pela BBC Brasil, a polícia da província de Mie afirmou que nos últimos dez anos diversas quadrilhas de residentes estrangeiros de várias nacionalidades vêm realizando uma série de furtos de veículos no país.
As penas a que estão sujeitos os acusados variam de três a cinco anos de prisão por furto e de dez anos por roubo com violência.
Em alguns casos, segundo a polícia, há envolvimento da máfia japonesa e os estrangeiros desempenham as partes mais perigosas dos crimes.
'Peça útil'
A diplomata responsável pelo setor de comunidade na Embaixada do Brasil, Elaine Humphreys, acredita que os brasileiros estão sendo usados como "peças úteis".
"Não me parece que eles façam parte da chefia destas quadrilhas. Eles não são os cérebros por trás das operações", afirma a diplomata
Ela ainda acredita que há uma tendência na imprensa japonesa de dar destaque às histórias ruins a respeito de crimes e problemas que afetam a comunidade brasileira.
BBC Brasil