Experiente em missões humanitárias, o fisioterapeuta londrinense Robson Daniel Jacinto Barbosa, de 34 anos, prepara as malas para ajudar as vítimas do terremoto que atingiu o Nepal, no sábado. Ele, que desde 2010 vive na Ásia trabalhando em programas de voluntariado pela Rede SOS Global, está em Bangcoc, na Tailândia, com previsão de voar para o Nepal no fim de semana.
O tremor de magnitude 7,8 na escala Richter teve o epicentro a cerca de 80 quilômetros da capital Katmandu. Até ontem, as autoridades locais calculavam 4 mil mortos e 7,5 mil feridos no país. Barbosa comentou sobre o que espera encontrar. "Ainda tenho poucas informações, mas nestes casos, chegamos em uma segunda fase, quando todos já foram atendidos, porém prestamos assistência a pessoas em abrigos precários, com problemas de saúde como diarreia, má nutrição e todo o estresse pós-catástrofe", detalhou.
Para mais essa missão, ele leva na bagagem as experiências adquiridas em três outras catástrofes: um tufão que devastou a ilha de Mindanao, nas Filipinas, em dezembro de 2011; a erupção do vulcão Merapi, na Indonésia, em outubro de 2010; e um tsunami que atingiu a costa da Indonésia, no mesmo ano. "É uma situação de muita tensão chegar em um lugar onde não sabe o que vai encontrar. Ter que encontrar onde ficar, meios de se alimentar. As mudanças de necessidades ocorrem muito rápido", relatou.
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Atualmente, Barbosa trabalha em um orfanato no Camboja, onde mora com a mulher Aline Alves Barbosa, de 31 anos, e com a filha Melissa Ayu, 4 anos, nascida na Indonésia. O casal ajuda nos cuidados de 60 crianças assistidas pelo estabelecimento. "Enquanto eu estiver no Nepal, minha esposa vai permanecer no trabalho com as crianças", contou. Para ele, mesmo com todas as dificuldades, o trabalho humanitário não tem preço. "Não existe maior satisfação que um sorriso, um abraço de uma pessoa que você nunca viu na vida", resumiu.
Vocação
Uma cena que ele não esquece é a de duas meninas filipinas de 9 e 10 anos que foram levadas por uma enchente durante a passagem do tufão em dezembro de 2011. "Elas estavam dormindo quando a água veio e destruiu tudo. Foram levadas mar aberto e encontradas em uma ilha muito longe de casa. Por sorte, conseguiram se reencontrar com os pais. Aqueles olhares nunca sairão da minha cabeça", lembrou. "O ambiente encontrado é tão assustador que neste dia recebemos a notícia de que pelo menos 25 crianças haviam cometido suicídio por terem se perdido dos pais", lamentou.
A vida dedicada a causas humanitárias começou em novembro de 2008, com a grande enchente no Morro do Baú, em Ilhota (SC). Barbosa auxiliou nos trabalhos da tragédia que matou 135 pessoas. "Foi quando senti a necessidade, algo quase que vocacional", contou.