O ex-presidente do Paraguai, Fernando Lugo, afirmou na noite desta sexta-feira que acatará a destituição sofrida um pouco mais cedo no Senado e que enfrentará na Justiça as investigações relativas ao impeachment. O mandato de Lugo foi cassado no Senado por 39 votos a favor, quatro contra e duas abstenções.
Tranquilo e aparentando serenidade, Lugo rechaçou o julgamento rápido feito pelo Senado e disse que a democracia paraguaia ficou "ferida" porque seus princípios fundamentais foram "transgredidos".
"Nesta noite, eu saio pela porta maior da Pátria", afirmou. "Esta é a porta do coração dos meus compatriotas", afirmou Lugo. Em tempo recorde e com maioria esmagadora, o Senado destituiu Lugo em meio a protestos de partidários e simpatizantes do mandatário e críticas da comunidade internacional sobre irregularidades no procedimento.
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Lugo ficou quase quatro anos no poder, apesar das críticas frequentes do seus detratores e de sofrer um câncer linfático, do qual se tratou em São Paulo, no Brasil. A sessão que destituiu Lugo durou mais de cinco horas no Congresso do Paraguai e ocorreu menos de um dia após a Câmara dos Deputados pedir a abertura do julgamento político do mandatário por incompetência no desempenho das funções presidenciais. A acusação contra Lugo teve cinco pontos e pelo menos dois deles se referiam diretamente à questão dos sem-terra no Paraguai, que se arrasta há vários anos. Um desse pontos foi a morte de 17 pessoas (11 camponeses e seis policiais), durante o cumprimento de uma ordem judicial de retirada dos sem-terra de uma propriedade invadida no dia 15 de junho, em Curuguaty, localidade 400 quilômetros ao nordeste de Assunção.
As informações são da Associated Press.