Fracassa a tentativa diplomática de parar a guerra na Síria. Neste sábado, 15, em Genebra, a ONU confirmou que os líderes da oposição e do regime de Bashar Al Assad não chegaram a um acordo nem mesmo sobre uma agenda para manter o processo e os esforços diplomáticos foram interrompidos. Em um tom desesperado e visivelmente irritado, o mediador da ONU para o conflito, Lakhdar Brahimi, apenas pediu "desculpas" à população síria diante de seu fracasso.
Não há nem data e nem local para restabelecer o processo, que havia começado há três semanas e era a esperança da comunidade internacional para dar um basta a uma guerra de três anos e que já fez 140 mil mortos.
O Estado já havia revelado ontem que o fracasso seria anunciado hoje, depois que alguns dos principais atores em ambos os lados da negociação confirmaram à reportagem que não existia mais espaço para se negociar. Neste sábado, Brahimi tentou uma última cartada, apresentando um plano com quatro temas para que fosse debatido pelas delegações: combate à violência, a formação de um governo de transição, a reconstrução de instituições nacionais e reconciliação nacional.
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Brahimi deixou claro que o governo de Assad não aceitou o projeto e, depois de 30 minutos de um encontro tenso em Genebra, o processo foi declarado como concluído.
"Peço desculpas ao povo sírio", disse Brahimi. Ele apelou aos dois lados para que voltem a suas bases e "pensem e reflitam" sobre o que significaria o fim do esforço diplomático.
O impasse ocorre, segundo a ONU, porque o governo se recusa a falar em uma transição política no país, enquanto a oposição se recusa a falar no combate ao terrorismo.
"Essa é uma conferência de paz. Não uma reunião para mudar o governo de um país. Não há chance de que o processo resulte na entrega de poder", declarou em entrevista ao Estado o negociador chefe de Damasco no processo de Genebra, Faisal Makdad, vice-chanceler do governo de Assad.
Negociadores confessaram ao Estado que, agora, o processo está nas mãos de russos e americanos. Washington estaria inclinado a voltar a debater uma intervenção militar, desta vez usando como pretexto a rejeição de Assad de permitir que a ajuda humanitária seja entregue. Moscou ajuda a Casa Branca de estar usando o argumento para criar condições para voltar a falar em um ataque. No ano passado, o argumento foi as armas químicas. Mas um acordo foi obtido.
Enquanto não há sinais de um acordo, ativistas apontaram nesta sábado que o número de vítimas supera a marca de 140 mil em três anos de guerra. Segundo a oposição, o governo usou as três semanas de negociações em Genebra para incrementar seus ataques. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.