A meta de reduzir a pobreza mundial pela metade em 2015 não será alcançada a menos que haja criação de empregos, disse neste sábado o diretor geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Juan Somavia, na 91ª Conferência Internacional do Trabalho, em Genebra. Em um relatória apresentado na conferência, ele afirmou que "a manutenção da pobreza é a mancha moral da atualidade".
Somavia concluiu que o mundo nunca viveu um período de tanta produção de riqueza convivendo com um número crescente de pessoas que vivem na mais absoluta pobreza.
"Sabemos que o trabalho é o melhor meio para escapar da pobreza, porém não há como criara uma legislação que ponha fim na pobreza. A solução remete a um processo amplo e complexo que exige a colaboração de todos os componentes da sociedade", disse o diretor.
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O relatório apresentou um dado alarmante: cerca de 3 bilhões de pessoas, metade da população do planeta, vivem com menos de U$ 2 por dia, sendo que a maioria delas vivem em países em desenvolvimento. Desse total, 1 bilhão sobrevive com apenas U$ 1 diário.
Em seu discurso, Sonavir ressaltou a perseverança e a solidariedade dos pobres como qualidades que permitem a estas pessoas de sobreviverem em condições tão precárias.
Para Somavia, um aspecto chave para solucionar a pobreza é a criação de condições para que estas pessoas consigam trabalho, exerçam seus direitos e contem com proteção social. Isso passa também por um amplo esforço para promover e sustentar as pequenas empresas que geram a maior parte de empregos atualmente.
O número oficial de desemprego está no nível mais alto da história. São mais de 180 milhões de pessoas em todo mundo que estão sem trabalho. Segundo a OIT, 1 bilhão de pessoas trabalham em subempregos, sendo que a maior parte das pessoas que ocupam estes postos de trabalho são as mulheres. Elas ganham os piores salários.
A diferença entre os mais ricos e os mais pobre continua se ampliando. Em 1960 existia 30 pessoas vivendo em condições de miséria para cada rico, em 1999 esta proporção chegou a 74 por 1.
A pobreza hoje não está restrita apenas aos países mais pobres; dados do relatório informaram que mais de 10% da população dos 20 países mais industrializados do mundo vivem com menos de um salário médio.
Somavia disse que a OIT está empenhada em resolver estes problemas através de programas para criar emprego, assegurar os direitos fundamentais, criar uma proteção social do trabalho, terminar com a discriminação e combater o trabalho infantil.
"Não é possível erradicar a pobreza sem que a economia gere oportunidade de inversão, desenvolvimento empresarial, criação de postos de trabalho e meios de vida sustentável", disse.
"Os pobre não são causadores da pobreza. A pobreza é o resultado de falhas estruturais, de sistemas econômicos e sociais ineficientes. É o fruto de uma resposta política inadequada e apoio internacional insuficiente", concluiu o diretor.
No próximo dia 9, Somavia, vai abrir os debates sobre a pobreza mundial na OIT, na qual participarão 3 mil representantes de governo, trabalhadores e empregadores de todo mundo. Nessa oportunidade ele fará uma conclamação para que se crie novas iniciativas internacionais destinadas a apoiar os esforços dos países na luta contra a pobreza.