O papa Francisco afirmou nesta sexta-feira (6), em uma missa para 60 mil pessoas no Estádio Nacional de Zimpeto, em Maputo, capital de Moçambique, que nenhum país tem futuro com "vingança e ódio".
O líder da Igreja Católica viajou à nação africana cerca de um mês depois da assinatura de um acordo de paz que promete pôr fim definitivo a décadas de conflitos entre o governo socialista da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e os guerrilheiros da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo).
"Nenhuma família, nenhum grupo de vizinhos, nenhuma etnia e muito menos um país terão futuro se o motor que os unem e encobre as diferenças for a vingança e o ódio", alertou o Papa, que buscou sempre destacar a importância da paz em seus discursos em Moçambique.
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"Não podemos nos colocar de acordo para nos vingar, para fazer com quem foi violento a mesma coisa que ele fez conosco, para planejar retaliações sob formas aparentemente legais. As armas e a repressão violenta, ao invés de gerar soluções, criam conflitos novos e piores", acrescentou.
"Há outro caminho disponível, porque é fundamental não se esquecer que nossos povos têm direito à paz. Vocês têm direito à paz", disse. A Guerra Civil Moçambicana durou de 1977 a 1992, quando a Frelimo, que governa o país desde sua independência, em 1975, e a Renamo assinaram um acordo de paz em Roma, com mediação da Igreja.
As hostilidades, no entanto, retornaram em 2013 e só foram encerradas formalmente no início de agosto passado, com um tratado firmado pelo presidente Filipe Nyusi e pelo líder da Renamo, Ossufo Momade.
"Superar os tempos de divisão e violência não implica apenas um ato de reconciliação ou a paz entendida como ausência de conflito, mas sim o compromisso cotidiano de cada um de nós em ter um olhar atento e ativo que nos leve a tratar os outros com aquela misericórdia e bondade com as quais queremos ser tratados", afirmou Francisco.
O líder da Igreja Católica ainda alertou para "ideologias de todos os tipos que tentam manipular os pobres e as situações de injustiça, a serviço de interesses políticos ou pessoais". Antes da missa, Francisco também visitou um centro de tratamento para pacientes com o vírus HIV e elogiou os que "não cederam à tentação de dizer que 'é impossível combater esta praga'".
O Papa já deixou Moçambique e segue agora para Madagascar, segunda etapa de uma viagem que terminará em Maurício.