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Após terremoto

Norte-paranaense está desaparecido no Haiti

Janaina Garcia/Equipe Folha
14 jan 2010 às 12:45

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Entre os militares que integram a missão de paz do Exército brasileiro no Haiti está um norte-paranaense: o 1º sargento Natalino Costa, 39 anos completados no dia 24 de dezembro, natural de Rancho Alegre (60 km a oeste de Cornélio Procópio). Ex-boia-fria das lavouras de soja, Costa foi designado para o Haiti em julho do ano passado - e, desde o terremoto de anteontem, a família não consegue contato com ele.

A FOLHA conversou com o irmão do sargento, o comerciante Roberto Costa, 49, um dos oito irmãos do militar. Eram em 10, ao todo, mas Roberto lembra que um deles, também militar, morreu em combate anos atrás.

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Segundo o comerciante, o irmão está no Exército há 10 anos; atualmente, pela Primeira Brigada da Infantaria Leve. Boia-fria - a função dele, conta, era sinalizar para os aviões que borrifavam inseticida nas plantações de soja -, estudava à noite para entrar na academia do Exército. Dois anos após o ingresso, tempo necessário para requisitar transferência de sede, deixou São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, para o mais próximo que pôde da família: Campinas, no interior paulista. É onde vivem os pais atualmente.

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Roberto conta que o irmão pediu para integrar a missão haitiana. ''Era a chance dele de progredir na carreira e de melhorar a remuneração; sendo arrimo de família, isso ajudou'', lembra. No site do Exército, portaria de 30 de novembro passado traz o nome do paranaense na lista dos oficiais que receberiam a promoção pior antiguidade a partir do dia 1º do mês seguinte.

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''Tenho esperanças de que meu irmão esteja bem e volte logo para casa. Estou preocupado é se essa situação toda vai atrasar o retorno dele, previsto agora no final do mês'', contou Roberto. ''Temos uma pequena torrefação em Rancho Alegre, e como lá na cidade estão me criando problemas com a escritura do terreno, preciso muito da ajuda dele, ainda mais agora'', completou.


De acordo com o comerciante, o irmão partiu em julho para o Haiti, depois de passar por treinamento, ''sem saber muito o que esperava ele lá. Tinha a guerra civil - ele foi treinado para essa situação -, mas fica meio aquela coisa de partir sem saber o que esperar, né?''


Em informativo do Centro de Comunicação Social do Exército, na página da instituição na internet, o comando explicou que os ''sérios danos estruturais'' do terremoto na cidade de Porto Príncipe também afetaram ''algumas das bases do contingente brasileiro da Minustah (missão da Organização das Nações Unidas cujo braço armado é liderado pelo Exército brasileiro), causando vítimas fatais e ferimentos em vários militares''. A nota ainda justifica a falta de informações - são mais de mil oficiais brasileiros, na missão que tem cerca de 7 mil combatentes de vários países - pelo comprometimento dos sistemas de telefonia fixa e de celular, decorrentes do abalo.

Até o fechamento desta edição, o oficial de Rancho Alegre não figurava na lista de vítimas fatais da corporação - a maioria delas, do estado de São Paulo. Outros quatro militares permaneciam desaparecidos e três estariam sob escombros. Sete homens, até o fim do dia, estavam feridos em atendimento no Hospital Argentino da Minustah, e outros dois foram levados à República Dominicana. Ainda conforme a nota, contudo, a região em que está localizada a base do Comando do Batalhão Brasileiro (Brabatt) seria também a menos atingida pelo terremoto, de modo que os trabalhos estavam focados no auxílio do resgate de feridos.


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