O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, defendeu "uma guerra justa" pela paz nesta quinta-feira, ao receber o Prêmio Nobel da Paz em Oslo, na Noruega.
Em seu discurso, o presidente americano afirmou que "não traz uma solução definitiva para os problemas da guerra" e citou outros ganhadores do prêmio.
"O que sei é que, para responder a estes desafios, precisaremos da mesma visão, trabalho duro e persistência daqueles homens e mulheres que agiram de forma tão ousada há décadas", disse Obama. "E será necessário que pensemos de uma nova maneira a respeito da ideia de guerra justa e os imperativos de uma paz justa."
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"Devemos começar reconhecendo a dura verdade de que não vamos erradicar os conflitos violentos durante nossas vidas. Haverá ocasiões em que nações - agindo individualmente ou juntas - vão achar que o uso da força é não apenas necessário como também moralmente justificável", acrescentou.
Gandhi e King
Citando Martin Luther King, Obama afirmou ser a "testemunha viva da força moral da não violência". "Sei que não há nada de fraqueza, passividade, ingenuidade, nas crenças e nas vidas de Gandhi e King", disse o presidente americano.
"Mas, como chefe de Estado que se comprometeu em proteger e defender minha nação, não posso ser guiado apenas pelos exemplos deles. Encaro o mundo como ele é e não posso perder tempo frente às ameaças ao povo americano."
"Não se enganem: o mal existe no mundo. Um movimento de não violência não poderia ter parado os Exércitos de Hitler. Negociações não podem convencer os líderes da Al-Qaeda a depor suas armas. Afirmar que a força é necessária em algumas ocasiões não é um chamado para o cinismo, é um reconhecimento da história, das imperfeições do homem e dos limites da razão."
"Levanto este ponto pois, em muitos países, existe uma profunda ambivalência a respeito da ação militar atualmente, não importa a causa. Em alguns momentos, a isso se junta uma suspeita reflexiva em relação aos Estados Unidos, a única superpotência militar do mundo."
Em seu discurso de aceitação do prêmio, Obama reconheceu também que a questão mais profunda que cerca a polêmica entrega do prêmio é o fato de ele ser o "comandante de uma nação em meio a duas guerras", referindo-se aos conflitos no Iraque e no Afeganistão.
"Estamos em guerra e sou responsável pelo envio de milhares de jovens americanos para lutar em uma terra distante. Alguns vão matar. Alguns serão mortos. Então, venho aqui com a consciência do custo de um conflito armado - cheio de questões difíceis sobre a relação entre guerra e paz, e nosso esforço para substituir uma pela outra", afirmou.
Na semana passada, Obama anunciou o envio de mais 30 mil soldados para o Afeganistão