Um especialista em gelo polar afirmou que o Oceano Árctico poderia perder todo o seu gelo durante o verão e se tornar navegável nos meses mais quentes em até 20 anos.
"É como se o homem estivesse tirando a tampa da parte norte do planeta", afirma o professor Peter Wadhams, da Universidade de Cambridge.
Wadhams vem estudando o gelo ártico desde os anos 60. Em uma palestra em Londres, ele apresentou os resultados da Catlin Arctic Survey, uma pesquisa realizada durante uma expedição de 435 quilômetros ao longo do Ártico este ano.
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Uma equipe liderada pelo explorador Pen Hadow descobriu que as camadas de gelo que se formam no verão têm cerca de 1,8 metros de profundidade, o que é considerado muito pouco em relação ao histórico da região.
'Novo consenso'
"Os dados da Catlin Arctic Survey servem de base ao novo consenso - baseado na variação sazonal da extensão e profundidade do gelo - de que o Ártico não terá gelo no verão em cerca de 20 anos, e muito dessa diminuição ocorrerá em dez anos", diz Wadhams, que analisou os dados da expedição.
"Isso significa que você poderá tratar o Ártico como se fosse fundamentalmente um mar aberto no verão, com possibilidade de transporte pelo Oceano Ártico."
Segundo Wadhams, no curto prazo, o derretimento traz alguns benefícios, como mais facilidade na navegação e maior acesso a reservas de petróleo e gás.
Mas no longo prazo, a perda permanente do gelo pode acelerar o aquecimento global, mudar os padrões de ventos nos oceanos e na atmosfera e ter efeitos desconhecidos em ecossistemas devido ao aumento da acidez das águas.
Pen Hadow e seus parceiros Ann Daniels e Martin Hartley enfrentaram ventos fortes, temperaturas de menos de 70 graus, falta de comida e atrasos no suprimento de mantimentos durante a expedição entre os dias 1º de março e 7 de maio.
Hadow admite que a expedição não produziu nenhum "grande salto adiante no conhecimento", mas afirma que ela ajudou os cientistas a entender mais sobre o gelo, com dados que não estavam disponíveis nas medições por satélite e por submarinos.
O explorador disse que está chocado com a perspectiva de "em minha vida vermos mudanças em como o planeta é visto do espaço".
Ele também disse que as expedições para o Ártico mudaram, e são diferentes do passado, quando cães puxavam trenós pelo gelo.
"Os cachorros conseguem nadar, mas eles não conseguem puxar um trenó na água, que é o que precisamos agora", disse.
"Agora temos que vestir roupas de mergulho e nadar, e precisamos de trenós que boiam. Eu prevejo trenós que são mais parecidos com canoas, para que possam ser puxados na água."