A igualdade entre negros e brancos não existe no Brasil. A conclusão está no relatório Racismo, Pobreza e Violência divulgado nesta sexta-feira pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). De acordo com o estudo, os negros no Brasil estão em desvantagem em relação aos brancos em todos os itens abrangidos pela pesquisa: violência, renda, educação, saúde, emprego, habitação e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
"Pode-se dizer que a população negra está atrasada 20 anos em relação à população branca. Ou seja, para a população negra atingir o patamar da população branca seriam necessárias duas décadas", afirma o coordenador do Pnud no Brasil, Guilherme de Almeida.
Segundo o relatório, entre os pobres há aproximadamente dois negros para cada indivíduo não negro. E não existe região ou estado brasileiro em que a condição de vida da população negra seja melhor que a da população branca. A violência, destaca Guilherme de Almeida, afeta muito mais negros do que brancos. Mas a maior disparidade ocorre em relação à renda. "Essa discrepância leva também a uma outra pobreza, que o relatório chama de pobreza política. Ou seja, é a dificuldade de essas pessoas se organizarem e criarem movimentos para reivindicar os seus direitos", avalia.
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O relatório da ONU sugere uma ação conjunta de governo e sociedade para combater o racismo no país. Propõe, por exemplo, a adoção de políticas tanto universais (que atendam a todos igualmente) quanto específicas. "Políticas universais são e serão sempre indispensáveis. Tratar igualmente os desiguais pode, no entanto, agravar a desigualdade, em vez de reduzi-la", diz o estudo.
Também é sugerido que as políticas hoje empregadas saiam do plano simbólico e evoluam para o plano da efetividade, como por exemplo fazer a regularização fundiária das terras dos quilombolas. É proposta ainda uma ação específica para os jovens negros moradores de periferia, assim como políticas afirmativas, como cotas exclusivas o ingresso nas universidades.
"A idéia é estar junto com essa população, ser um agente de cooperação perante essa população, e ouvir deles como essa política específica deve ser. Que não seja uma coisa implementada, sem escutar o sujeito que precisa ser protegido", afirma o coordenador do Pnud.
Fonte: Agência Brasil