A comissão eleitoral de Uganda anunciou hoje (20) a reeleição do presidente Yoweri Museveni, no poder há 30 anos, mas a oposição contestou os resultados da votação, que qualificou como "fraudulenta".
"A comissão declara que o candidato Yoweri Kaguta Museveni, que obteve mais de 50% dos votos válidos, foi eleito presidente da República do Uganda", disse o presidente do órgão, Badru Kiggundu.
Museveni, que vai cumprir seu quinto mandato presidencial de cinco anos, conquistou nas eleições realizadas na quinta-feira (18) cerca de 60,75% dos votos, contra os 35,37% obtidos por seu principal adversário político e líder da oposição desde 2001, Kizza Besigye.
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Minutos depois do anúncio da reeleição de Museveni, Kizza Besigye rejeitou os resultados das eleições. "Os resultados da eleição presidencial devem ser rejeitados", declarou o candidato, em comunicado.
"Peço-lhes, em nome dos corajosos cidadãos do Uganda, para rejeitarem os resultados destas eleições de fachada", acrescentou Besigye na nota dirigida à comunidade internacional.
"Testemunhamos o que deve ter sido o processo eleitoral mais fraudulento no Uganda", prosseguiu o candidato opositor. Ele criticou a atuação dos organismos estatais, principalmente da comissão eleitoral, acusada por ele de parcialidade e de "incompetência técnica".
Segundo o candidato da oposição, o dia da votação foi marcado por atrasos e vários incidentes, como o bloqueio das redes sociais, restrições à liberdade de expressão e várias detenções entre seus apoiadores.
Antigo médico pessoal de Museveni, durante a guerra civil, que durou de 1980 a 1986, Kizza Besigye também denunciou a sua detenção pela polícia.
A missão de observadores da União Europeia (UE) que acompanhou as eleições em Uganda também denunciou hoje, em conclusões preliminares, "a falta de transparência e de independência" da comissão eleitoral, mas também a "atmosfera de intimidação" que marcou as eleições presidenciais e legislativas de 18 de fevereiro.
Desde a independência, em 1962, que o país da África Oriental, com cerca de 37 milhões de habitantes, não observa uma alternância política pacífica. Cerca de metade dos eleitores nunca conheceram outro presidente.
No poder desde 1986 – após tomar Kampala com seu Exército de Resistência Nacional (NRA) e derrubar o autocrata Milton Obote –, Museveni tem a seu favor a força financeira e o poder eleitoral de seu partido, o Movimento de Resistência Nacional (NRM).