O papa Francisco disse neste sábado (17), aos cerca de 3 mil migrantes do campo de Moria, na ilha grega de Lesbos, que "não estão sozinhos" e apelou ao mundo para responder à crise de "uma forma digna da humanidade".
"Caros amigos, quero dizer-vos que não estão sozinhos [ ] Não percam a esperança", disse o papa aos migrantes, chegados à Grécia após a entrada em vigor do acordo entre a União Europeia e a Turquia e, por isso, à espera de serem reenviados para território turco.
"Vim aqui [ ] simplesmente para estar convosco e ouvir as vossas histórias [ ], para pedir ao mundo que dê atenção a esta grave crise humanitária e para implorar que ela seja resolvida", acrescentou.
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Francisco alertou para as "situações de necessidade trágicas e verdadeiramente desesperadas" e pediu uma resposta "digna da humanidade comum".
"Deus criou o genero humano para que forme uma única família. Se um dos nossos irmãos ou irmãs sofre, somos todos atingidos", disse.
O papa, o patriarca ortodoxo de Constantinopla Bartolomeu e o arcebispo de Atenas Jeronimo II pediram ao mundo para dar mostras de "coragem" face à "colossal crise humanitária" dos migrantes, numa declaração comum.
"A partir de Lesbos, apelamos à comunidade internacional que responda com coragem a esta crise humanitária maciça e às causas que lhe estão subjacentes por meio de iniciativas diplomáticas, políticas e caritativas, de esforços coordenados, tanto no Médio Oriente como na Europa", escreveram os três dignitários religiosos.
Reconhecendo "os esforços já desenvolvidos" para ajudar os refugiados e migrantes, os três pedem "com urgência um consenso internacional mais amplo e um programa de assistência para preservar o estado de direito, defender os direitos humanos fundamentais nesta situação insustentável, proteger as minorias, combater o tráfico de seres humanos, eliminar rotas perigosas como as que atravessam o Egeu e o Mediterrâneo no seu conjunto e desenvolver processos seguros de recolocação".
Os três dignitários divulgaram esta declaração comum depois de terem visitado juntos o campo, onde receberam o cumprimento de centenas de migrantes, beijaram crianças e aceitaram desenhos de várias delas.
Após um almoço com alguns dos migrantes do campo, o papa viaja para Mitilene, principal cidade da ilha do Mar Egeu.
"Somos todos migrantes", diz o papa em Lesbos
"Somos todos migrantes", disse hoje o papa Francisco, de visita a ilha grega de Lesbos, numa oração comum com o patriarca de Constantinopla Bartolomeu e o arcebispo de Atenas Jerónimo.
Após a oração, os três dignitários religiosos lançaram coroas de flores ao mar, em homenagem aos milhares de migrantes que morreram afogados.
O papa tinha discursado momentos antes no Porto de Mitilene, principal cidade da ilha de Lesbos, onde apelou à Europa para respeitar os direitos humanos dos migrantes e sublinhou que estes "não são números, são pessoas".
"Nunca devemos esquecer que os migrantes, antes de serem números, são pessoas: rostos, nomes, histórias", disse o papa num discurso à população no Porto de Mitilene, capital da ilha de Lesbos.
"Infelizmente, alguns, entre os quais muitas crianças, nem conseguiram chegar, morreram no mar, vítimas de viagens desumanas e de criminosos sem escrúpulos", acrescentou.
O papa Francisco afirmou que "a Europa é a pátria dos direitos humanos" para sublinhar que "quem pisa solo europeu devia poder experimentá-lo", manifestando noutro passo a sua "admiração" pelo povo grego que, apesar de todas as dificuldades, "soube manter o seu coração e as suas portas abertas."