O índice de crianças e adolescentes obesos aumentou 240% no Brasil, nos últimos 20 anos.
São 70 milhões de pessoas acima do peso, o que significa, para os cofres públicos, despesas de aproximadamente R$ 1,5 bilhão anuais, para tratar dos males decorrentes da gordura.
Os dados resultam de pesquisa realizada pela Força Tarefa Latino-Americana de Obesidade, entidade que reúne as principais sociedades de combate ao excesso de peso na região.
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A pesquisa levou em consideração o índice de massa corporal (IMC) e tomou como base uma comparação entre crianças de cinco a oito anos.
Foram 2.191 de oito escolas públicas e 1.623 de oito escolas particulares de Juiz de Fora (MG).
A endocrinologista Mônica Barros Costa, professora da Faculdade de Medicina, da Universidade Federal de Juiz de Fora, revela que crianças gordas estão mais presentes nas escolas particulares (29%) do que nas escolas públicas (16,9%).
Não foi verificada diferença entre meninos e meninas.
Os pais, além de preencher um questionário sócio-econômico nível de instrução do chefe da família, renda mensal e outros dados responderam à questão sobre se reconheciam que o filho era obeso e se tomavam alguma medida para corrigir o problema.
As respostas indicaram um dado surpreendente: 36,6% dos pais de crianças obesas não foram capazes de identificar essa condição nos filhos. Esse número não se alterou entre as classes sociais. Os pais também não incentivam seus gordinhos a praticar atividades físicas.
O videogame, a televisão, o computador e o aumento do consumo de alimentos gordurosos e de baixo valor nutritivo, os junk foods, são os grandes vilões, segundo os dicionários médicos, do "ambiente predisponente à obesidade".
Como conseqüência, as crianças correm o risco de desenvolver males como hipertensão arterial, diabetes mellitus, doenças respiratórias, alterações ortopédicas e distúrbios psicossociais.
Mônica Costa afirma que a sociedade subestima a obesidade. Só considera os extremos. "Não adianta praticar exercícios físicos sem controle alimentar. Toda a família tem que mudar os hábitos", salienta.
Ela alerta para o fato de que a obesidade infantil pode crescer com o jovem. A hereditariedade não é fator preponderante.
A pesquisa conclui que o problema ainda não recebe a atenção devida. "As cantinas escolares vendem junk foods, ninguém se preocupa em ter uma alimentação saudável.
Mas o quadro pode ser revertido com o balanceamento das merendas nas escolas públicas e com mais fiscalização sobre o que é vendido nas cantinas", sugere a endocrinologista.