O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, participou nesta quarta-feira (22), no Palácio do Planalto, da divulgação do I Levantamento Nacional sobre os Padrões de Consumo de Álcool na População Brasileira. O estudo inédito realizado pela Universidade Federal de São Paulo e financiado pela Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD) traça um cenário de como o brasileiro bebe, o que pensa sobre as políticas de bebidas alcoólicas e quais são os problemas associados ao consumo do álcool no Brasil.
De acordo com Temporão, os resultados do levantamento revelam que o consumo abusivo de álcool e suas conseqüências é um grave problema de saúde pública. "Por um lado, esse estudo serve de alerta para a população que bebe muito e com freqüência e para a que não bebe. Por outro lado, vai refinar e direcionar as políticas e as ações do ministério nessa área, porque sabemos onde está o problema e como vamos reverter essa situação", ressaltou o ministro.
Confira abaixo os resultados do I Levantamento Nacional sobre os Padrões de Consumo de Álcool na População Brasileira:
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Cerveja é a mais consumida - A cerveja ou chope é a bebida mais consumida pelos brasileiros quando se comparam bebidas pelo número de doses consumidas anualmente. De todas as doses anuais consumidas por brasileiros adultos dos dois gêneros, de qualquer idade e região do País, em torno de 61% são de cerveja ou chope, 25% de vinho, 12% destilados e 2% as bebidas "ice". Entre os destilados, a cachaça (ou pinga) é a bebida mais consumida, seguida pelo uísque e o rum.
Jovens de 18 a 24 anos são os que mais bebem - Os brasileiros mais jovens bebem geralmente em quantidades maiores do que aqueles com 60 anos ou mais. Essa diferença chega a ser 89% maior quando são comparados aqueles com os jovens de 18-24 anos. Até os 44 anos, mais de 30% dos brasileiros que bebem consumiram geralmente 5 doses ou mais nas ocasiões em que beberam.
Consumo diferenciado entre homens e mulheres - Os homens e as mulheres bebem com freqüências marcadamente diferentes. Os homens apresentam índice de abstinência menor do que as mulheres (35% para eles e 59% para elas). As diferenças do beber entre homens e mulheres são também claras nas freqüências mais altas (muito freqüente e freqüente), em que os homens apresentam porcentagem mais alta do que as mulheres.
As diferenças entre os tipos de bebida consumidos por homens e mulheres dizem respeito ao vinho (bebido mais freqüentemente pelas mulheres) e aos destilados (consumidos mais pelos homens). Cervejas (quase dois terços do total consumido) e bebidas "ice" (responsáveis ainda por pequeno consumo) não apresentaram diferenças no consumo entre os gêneros.
Freqüência versus quantidade - Se a Região Sul apresenta índices maiores de consumo freqüente, é nas outras regiões (especialmente Nordeste, Centro-Oeste e Norte) que os brasileiros bebem geralmente em maiores quantidades nas ocasiões em que consomem bebidas alcoólicas. Na Região Nordeste, por exemplo, 13% dos bebedores reportaram consumo usual de 12 ou mais doses por dia de consumo e um quarto dos bebedores relatou consumir 5-11 doses nessas ocasiões.
O consumo de destilados é mais alto nas Regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Consome-se mais vinho na Região Sul, quando comparada com o Nordeste. Tanto cerveja quanto as bebidas "ice" são consumidas de maneira semelhante nas várias regiões do País.
Há variação no consumo de bebidas de acordo com a classe socioeconômica - Quase 2/3 dos indivíduos de classe A geralmente bebem até 2 doses, enquanto perto da metade dos brasileiros da classe E consome 5 ou mais doses por situação habitual.
Embora a maior porcentagem de pessoas que bebem esteja nas classes A e B e na Região Sul, é nos Estados do Norte, do Centro-Oeste e do Nordeste e na classe E que se consome o maior número de doses a cada vez que se bebe.
Intensidade do Consumo - Grande parte dos que bebem já se excederam uma ou várias vezes, criando situações de alto risco. Segundo o estudo 28% dos brasileiros já beberam em "binge", o que significa beber de forma abusiva em um curto espaço de tempo até ficar embriagado. O termo "binge drinking", é estipulado internacionalmente em 5 doses para homens e 4 para mulheres.
Do ponto de vista da saúde pública, é importante notar que esse tipo de beber ocorre com mais freqüência entre os jovens. Cerca de 40% da faixa etária de 18 a 34 anos bebeu na forma de "binge" e somente 22% não consumiu dessa forma.
As informações são do SENAD e da Agência Saúde.