Centenas de prisioneiros condenados à prisão perpétua na Itália pediram ao presidente Giorgio Napolitano a restituição da pena de morte. O pedido foi feito em uma carta publicada nesta quinta-feira (31) no jornal italiano La Repubblica.
Existem quase 1,3 mil prisioneiros condenados à prisão perpétua na Itália, cerca de duzentos deles já cumpriram mais de 20 anos.
Segundo as leis italianas, esses condenados só têm chance de sair da cadeia através do direito a curtos períodos de liberdade depois de cumprir dez anos e uma eventual libertação - condicional - depois de 26 anos de boa conduta na prisão.
Leia mais:
Louis Vuitton lança coleção para pets com casinha de cachorro a R$ 340 mil
Justiça de Hong Kong reconhece direitos de moradia e herança para casais do mesmo sexo
Homem que nasceu no dia do naufrágio do Titanic morre aos 112 anos
França pede 20 anos de prisão a marido de Gisèle Pelicot, dopada e estuprada por dezenas de homens
Lobby
Segundo o correspondente da BBC em Roma, Christian Fraser, a Itália tem estado à frente de campanhas pelo fim da pena de morte no mundo.
Desde 1999 o Coliseu é iluminado cada vez que uma sentença de pena de morte é executada ao redor do mundo ou quando um país extingue a pena de morte.
Fraser afirma que a Itália tem feito lobby junto ao Conselho de Segurança da ONU para a análise de uma proposta de moratória global para a pena de morte.
Mas, entre alguns dos prisioneiros do país que estão cumprindo penas há mais tempo, existe o desejo pela volta da pena capital.
A carta enviada ao presidente foi escrita pelo mafioso condenado à prisão perpétua Carmelo Musumeci, de 52 anos. Ele está preso há 17 anos.
A carta também foi assinada por outros 310 prisioneiros e, nela, Musumeci afirma que está cansado de morrer aos poucos a cada dia.
"Queremos morrer de uma vez e estamos pedindo para que nossa prisão perpétua seja transformada em pena de morte", escreveu Musumeci.
Segundo Fraser, Musumeci estudou e conseguiu chegar até o ensino superior, se formando em direito. O prisioneiro afirma que sua sentença transformou a luz em sombras.
A Itália aboliu a pena de morte depois da Segunda Guerra Mundial.
O presidente Giorgio Napolitano já afirmou várias vezes que o sistema de penas e condenações precisa ser reformado. Mas, em sua resposta à carta, ele disse que o Parlamento e o governo precisam analisar o pedido.