O bispo brasileiro da diocese de Cristalândia (TO), dom Wellington Tadeu de Queiroz Vieira, afirmou nesta quarta-feira (16) que o problema da Igreja Católica não está na consagração sacerdotal de homens casados, os chamados "viri probati", mas nos escândalos provocados por religiosos ordenados.
Durante briefing sobre o Sínodo para a Região Pan-Amazônica, o brasileiro ressaltou que, apesar das opiniões diferentes na assembleia, não existem obstáculos, na Bíblia e na teologia, para este tipo de ordenação.
"Não vejo no celibato o obstáculo principal para ter mais sacerdotes. O verdadeiro problema é a incoerência, a infidelidade, e os escândalos causados por ministros ordenados", explicou Queiroz Vieira. O bispo ainda ressaltou que essas atitudes "se tornam um obstáculo para os jovens seguirem um caminho de santidade, de conversão". "Devemos fazer de modo que no coração das pessoas, sobretudo dos jovens, se desenvolva uma terra fértil".
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"Como o papa Francisco repete, devemos nos aproximar das pessoas, adquirir o cheiro de ovelha", acrescentou o brasileiro, reconhecendo que "muitas vezes não transmitimos a fragrância de Cristo".
Segundo ele, existem situações em que os religiosos são anunciadores deles mesmos, com comportamentos que afastam as pessoas de Jesus. Desta forma, Queiroz Vieira enfatizou a necessidade de os membros da Igreja Católica fazerem "uma jornada de santidade, de conversão". "Antes de pensar no que os outros deveriam mudar, vamos pensar em como devemos mudar a nós mesmos".
"O principal instrumento para despertar a vocação nos jovens é a santidade dos atuais evangelizadores: a santidade da simplicidade de vida, da abertura ao diálogo, do anúncio da verdade cristã, da compaixão com quem sofre", afirmou.
Por fim, o bispo ainda ressaltou que o problema da falta de sacerdotes não afeta apenas a Amazônia, "mas também a Europa, que verifica uma redução do número de ministros ordenados". "Na América Latina há áreas com uma boa presença de sacerdotes, mas com escasso espírito missionário. Muitos deles poderiam ir a regiões de fronteira como a Amazônia", finalizou. O Sínodo da Amazônia termina no próximo dia 27 de outubro, e o documento conclusivo será elaborado pelo cardeal brasileiro Cláudio Hummes.