A promessa de um referendo para decidir se o Reino Unido deve, ou não, permanecer na União Europeia, defendida pelo Partido Conservador do primeiro-ministro David Cameron, e pelo Partido Independente do Reino Unido (Ukip), preocupa eleitores britânicos, que foram às urnas hoje (7) para escolher um novo primeiro-ministro.
Durante a campanha, Cameron prometeu que, se reeleito, promoverá um referendo até 2017 para que os britânicos decidam se querem, ou não, continuar a fazer parte da União Europeia. A proposta é vista com bons olhos pelo Ukip, liderado por Nigel Farage, que com sua bandeira anti-imigração deve alcançar volume considerável de votos nesta eleição, garantindo boa participação no Parlamento.
O contador James Lovejoy, que votou em Islington, no norte de Londres, acha que o referendo não será feito. "Houve muito alarde e eu não gostaria que acontecesse, mas eu não acho que há muito com que se preocupar", disse. Já a eleitora Natalie Wojcikiewicz está apreensiva. "Eu acho que seria mais fácil se um partido majoritário conseguisse maioria". Ela teme que uma coalizão com legendas minoritárias prejudique a estabilidade do governo.
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Hosuk Lee-Makiyama, diretor do Centro Europeu para a Política Econômica Internacional, acha que a economia britânica é inseparável do mercado único europeu. "Se o Reino Unido decidir deixar [a União Europeia], é uma questão de como administrar o desastre", disse.
O porta-voz da Sociedade Britânica de Fabricantes e Comerciantes de Motores, Tamzen Isacsson, ressaltou que "92% dos membros da entidade acreditam que a permanência do Reino Unido na União Europeia é fundamental para a continuidade do crescimento no setor automotivo".
Por décadas a Grã-Bretanha viu conservadores e trabalhistas se revezarem no governo, mas a disputa acirrada entre os dois partidos e o espaço alcançado por legendas marginais no pleito deste ano gera incerteza no cenário político.
Pelo que indicam as pesquisas, os dois partidos que lideram a corrida eleitoral devem cruzar a reta de chegada hoje com quantidade muito semelhante de votos. Já é certo que nem conservadores e nem trabalhistas conquistarão as 326 das 650 cadeiras da Casa dos Comuns, necessárias para garantir a governabilidade. O vencedor será aquele que conseguir, então, compor alianças com outras legendas e garantir maioria.