Um dos máximos líderes do Movimento dos Sem Terra (MST) no Brasil, José Rainha Júnior, afirmou este domingo que o enorme acampamento montado na região oeste de São paulo, e que já reúne mais de 700 famílias continuará crescendo, apesar das pressões de fazendeiros e das autoridades.
''A idéia é reunir alí 5.000 famílias de camponeses, e se for preciso reuniremos 8.000 ou 10.000. Porque este acampamento continuará crescendo. Há famílias acampadas em outros municípios e que estão pensando em vir para cá'', disse Rainha.
Rainha Júnior, destacado com o líder do MST mais respeitado no explosivo extremo-oeste do estado de São Paulo, admitiu que o tamanho do acampamento está preocupando latifundiários e autoridades.
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''Sei que os latifundiários daqui estão nervosos. E as autoridades vivem ameaçando mandar a polícia. Mas os camponeses sem-terra estão convivendo com isso há anos, não nos assusta. Sabemos que este lindo acampamento é um motivo de preocupação para eles'', avaliou Rainha.
O líder camponês visitou este domingo o enorme acampamento montado sob sua orientação na periferia do município de Presidente Epitácio (uma fileira de barracos de madeira ou lona de quase três quilômetros de um lado da estrada vicinal, e que agora já ocupa também cerca de um quilômetro do outro lado da estrada.
''Eu acho que a meados da semana que vem estaremos com três quilômetros dos dois lados da estrada, e continuaremos crescedo. Queremos que mais e mais camponeses se somem à nossa luta'', frisou.
Rainha Júnior disse que o MST ''deu um voto de confiança ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O movimento acredita no presidente. Me perguntaram: ''Não vão cansar de esperar?. A resposta é não, não vamos cansar, e esta é a mensagem que vim trazer''.
O líder disse aos presentes: ''enviamos uma mensagem ao presidente Lula. Dissemos: presidente, pode seguir em frente, que nós vamos seguí-lo. Conte com nós e faça a reforma agrária. Mas faça uso da caneta presidencial e assine os papéis que sejam necessários''.
Rainha Júnior disse que não acredita nas ''ameaças'' do prefeito de Presidente Epitácio, Adhemar Dassie, de pedir à justiça a desocupação do terreno ocupado pelo acampamento já que, como se trata de beira de estrada, é de caráter público.
''Isso não vai acontecer. Vamos reunir aqui as famílias que esperam um pedaço de terra pela reforma agrária, ou do contrário vamos derrubar essas cercas e nos instalarmos em algumas das propriedades improdutivas que há por aqui. Porque terra é que não falta'', disse Rainha Júnior.
Este mesmo domingo, o líder da União Democrática Ruralista (UDR, que agrupa os latifundiários brasileiros) na região de Presidente Epitácio, Luis Antonio Nabham Garcia, admitiu que os fazendeiros da região estão mobilizados para impedir invasões de terrenos.
''No desespero, muitos fazendeiros procuram apoio para defender sua integridade física e suas propriedades. Na última semana houve muitas consultas ao nosso departamento jurídico. Mas os fazendeiros não têm a intenção de atacar ninguém'', disse Nabham Garcia.
O líder dos fazendeiros negou que existam milícias armadas. ''Está descartado, em nome da UDR, que existam essas milícias armadas'', disse Nabham Garcia.
Os líderes do acampamento dos sem-terra denunciaram há uma semana a existência de seguranças fortemente armados nas fazendas, e um fazendeiro assegurou à AFP que vários produtores rurais contrataram empresas de segurança para fazer essa patrulha.