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Compromisso Pataxó

Ritual indígena acaba em tumulto e tiros em Brasília

Redação - Folha de Londrina
10 set 2003 às 17:21

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Um ritual indígena, realizado nesta madrugada numa área central de Brasília com propósitos comemorativos, acabou em tiros, tumulto e agressões. A polícia teve que intervir e até a Fundação Nacional do Índio (Funai) foi acionada para evitar um confronto de maior proporção entre os índios e os moradores da vizinhança, que se sentiram incomodados com a pajelança e pediram providências às autoridades.

Programado para celebrar o Compromisso Pataxó, o ritual foi realizado na Praça do Índio, mesmo local onde há sete anos o cacique pataxó Galdino de Jesus foi queimado vivo por um grupo de jovens de classe média de Brasília. Desde então, a Praça vem sendo usado em manifestações e rituais em defesa da causa indígena.

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Obrigados a interromper a celebração por causa da denúncia, os índios teriam reagido com ameaça aos moradores e tentativas de invasão de algumas residências durante a madrugada. Um morador, Otávio Brasil, chegou a dar tiros e a situação ficou ainda mais tensa durante toda a madrugada e manhã de hoje.

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Só com a chegada da Polícia Federal e o reforço do Batalhão de Choque foi possível controlar os ânimos. Otávio disse que que atirou para se defender da ameaça de invasão de sua residência.

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Os índios desmentiram essa versão e disseram que apenas dançavam e ouviam músicas ritualísticas. Por volta da meia-noite, a polícia chegou e pediu que fizessem menos barulho. Eles baixaram o som, mas continuaram a festa. Mas, segundo o coordenador-geral dos Pataxós da Bahia, cacique Zeca, os moradores chamaram a polícia mais uma vez.


Na versão dos índios, depois que os policiais foram embora, Otávio Brasil teria dado três tiros na direção de um índio que passava em frente à casa dele. "Ele atirou sem motivo. Poderia ter matado um colega nosso", afirmou. "Já perdemos um parente aqui. Será que querem acabar com os pataxós?".

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Maria das Graças, mulher de Otávio, contou que o marido deu apenas um tiro em legítima defesa. "Depois que chamamos a polícia, eles vieram para a nossa casa e tentaram invadi-la. Jogaram pedras e deram murro até quebrar o vidro", contou.


Maria disse que sua filha foi ameaçada. "Um homem disse que conhecia minha filha e sabia os horários dela. Estamos apavorados! Nem saímos de casa hoje. Tem três policiais na porta da minha casa. Não sei o que pode acontecer quando forem embora".


O recém-empossado presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, ficou de se encontrar ainda hoje com os representantes indígenas para discutir soluções para o impasse. O delegado Paulo Cassiano, da Polícia Federal, encarregado do caso, disse que as investigações estão sendo feitos e que ainda não sabe quem é o culpado.


Informações Agência Brasil


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