Sites de emissoras de TV nos Estados Unidos, como a ABC News e a CBS, publicaram textos sobre os possíveis problemas psicológicos que o garoto poderá enfrentar no seu retorno aos Estados Unidos após cinco anos.
Especialistas em desenvolvimento de crianças receiam que a longa batalha internacional pela guarda do menino terá fortes consequências. De acordo com a psicóloga Jenn Berman, o garoto terá inúmeras dificuldades de adaptação.
"No curto prazo, ele deverá se adaptar a uma cultura completamente diferente e a um mundo que não é nada familiar para ele", afirmou Berman.
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A médio e a longo prazos, de acordo com a psicóloga, as dificuldades serão ainda maiores.
"Ele teve um trauma depois de outro trauma", disse, referindo-se a situações como o divórcio dos pais e a morte da mãe. Além disso, é possível que Sean não esteja ciente da batalha travada pelo pai para recuperar sua guarda e tenha interpretado a distância como abandono.
"As crianças se recuperam rapidamente, mas esse garoto tem muitos desafios pela frente".
"Emocionalmente falando, trata-se de um apocalipse psicológico", resumiu.
Harold Koplewick, diretor do Nathan S. Kline Institute for Psychiatric Research, diz que vai demorar um pouco até que o garoto se sinta adaptado à nova vida, e seu pai deverá ter muita paciência para ajudá-lo.
Famílias
Os especialistas, no entanto, são unânimes em afirmar que o melhor para o menino é manter o relacionamento com ambos os lados de sua família.
"É importante compreender que esse garoto está ligado a ambas famílias, no Brasil e nos EUA", afirmou Judith Myers-Walls, especialista em desenvolvimento de crianças.
De acordo com ela, não importa como o caso foi finalizado, já que o trauma no processo é inevitável.
Judith diz que, além de estar separado do pai por cinco anos, ele também enfrentou a morte da mãe e o constante conflito da batalha por sua guarda, que durou a maior parte de sua vida.
Para ela, o impacto final de todos esses traumas só será conhecido em anos, mas a atitude dos adultos envolvidos no caso será fundamental para amenizar os problemas.
Denise Carter, diretora da Reunite, uma organização que oferece ajuda a famílias em situação semelhante à de Sean, há "várias histórias de sucesso", inclusive de casais que viveram situações altamente conflitantes mas conseguiram, após mediação, conviver de forma a prover o melhor ambiente familiar para a criança.
Para ela, o ideal é que Sean tenha acesso aos dois países e às duas culturas. "Nós temos de nos concentrar naquilo que realmente é o melhor interesse da criança, não necessariamente no que é o desejo dos pais", disse Carter à BBC Brasil.
Durante o voo que o levava com o filho de volta aos Estados Unidos, David Goldman disse que irá permitir visitas da família brasileira a Sean, ainda que isso "leve tempo" para acontecer.