Serra Pelada, que no início dos anos 80 foi considerada o maior garimpo a céu aberto do mundo, voltará em breve a ser uma promessa de emprego para mais de 43 mil garimpeiros.
Desde segunda-feira, os garimpeiros do Norte, Nordeste e do Centro-Oeste que ainda querem explorara a área iniciaram o recadastramento, nos postos instalados em 15 cidades, para voltarem a exercer a mineração em Serra Pelada.
O recadastramento, denominado de readequação pelos técnicos do Ministério de Minas e Energia (MME), atingirá cerca de 43 mil garimpeiros que trabalharam em Serra Pelada e pertenciam à Coogar (Cooperativa dos Garimpeiros de Serra Pelada), a primeira cooperativa da região.
Leia mais:
ONU vê militarização de escolas como ameaça ao direito de ensino
Pantone declara 'Mocha Mousse', marrom suave e evocativo, como a cor do ano 2025
Jornalista paranaense é assassinado a tiros no México, diz imprensa local
Time de vôlei dos EUA sofre boicote e atrai polêmica sobre participação de transgêneros em esportes
Nos próximos 60 dias, eles deverão se associar à Coomigasp (Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros), entidade que, segundo o ministério, detém os direitos minerários na região, ou seja, a permissão para explorar o garimpo.
O sonho dos garimpeiros de reativar Serra Pelada se deve a um acordo entre o governo federal, o Sindicato dos Garimpeiros de Serra Pelada (Singasp) e a Coomigasp. E a condição exigida pelo governo para que isso ocorra é que todos os ex-garimpeiros da região sejam integrados à cooperativa.
Após essa etapa, eles receberão do governo a autorização para explorar 370 hectares que incluem a cava, buraco onde é feita a escavação para a procura do outro, e a área ao redor.
Segundo o secretário-adjunto de Geologia do Ministério de Minas e Energia, Cláudio Scliar, a estimativa é que o alvará cedendo o direito de mineração à cooperativa saia em novembro.
"Há mais de 20 anos existe uma necessidade muito grande de se resolver em definitivo a situação de Serra Pelada. São milhares de garimpeiros que trabalharam na região e se sentem espoliados por não terem reconhecido o seu direito sobre a área. Desde que assumimos o ministério, temos o objetivo de responder a essa demanda social que existe na região", explicou Scliar.
Uma outra exigência do governo é que, ao contrário do que ocorreu na década de 80, desta vez a extração de ouro só poderá ser feita por uma empresa de mineração por meio de lavra mecanizada.
Segundo o ministério, o buraco do extinto garimpo é hoje ocupado por um lago do tamanho de três campos de futebol, com 500 metros de diâmetro e 300 de profundidade. A área, portanto, não serve mais para a mineração manual.
De acordo com Scliar, após obter a autorização para voltar a explorar Serra Pelada, a Coomigasp poderá arrendar o local ou negociar com alguma empresa o direito de exploração da área.
O presidente do Singasp, Raimundo Benigno, diz que os garimpeiros vão aguardar as propostas. Se nenhuma delas agradar, eles pretendem usar um financiamento da Caixa Econômica Federal para comprar máquinas e industrializar o garimpo.
Fonte: Agência Brasil