Era um forno sem parede: 300 toneladas de aço sendo consumidas por uma imensa bola de fogo. Uma gigantesca nuvem de gás tóxico se formava em cima de todos.
Essa é a descrição da cena do acidente da VLS-1 relatada neste sábado à Folha por um militar que estava com mais dez pessoas a 400 metros do local onde ocorreu o acidente em Alcântara.
Ele falou sob o compromisso de não ter seu nome revelado, pois está proibido de dar entrevistas.
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O militar afirmou que não houve explosão, mas uma combustão instantânea, violenta. Disse que os motores entraram em ignição. No começo, parecia algo corriqueiro, mas houve um barulho e todos correram. Segundo ele, o estrondo ouvido a quilômetros da base veio dos motores do VLS-1.
O militar relatou que todos os profissionais que trabalhavam na base de Alcântara estavam treinados para a hipótese de um acidente. Segundo ele, a segurança funcionou perfeitamente.
Questionado sobre se os bombeiros tentaram apagar o incêndio, disse que o fogo não era extinguível, pois foi gerado por um combustível sólido que não necessita de oxigênio para fazer combustão. Só restava esperar.
Resguardados do perigo do incêndio, os funcionários da base de Alcântara calaram-se. Não havia gritos nem choro. Todos assistiam atônitos ao maior incêndio que já viram em suas vidas.
Alguns perceberam que o vento tratava de levar para o sentido oposto a grande nuvem de gás tóxico formada pela combustão. Para outros, o fato de não ter havido um explosão preservou a vida dos que não estavam na torre.
Depois de algum tempo, as pessoas trataram de procurar umas às outras. Quando se encontravam, se tocavam, para ter certeza de que estavam realmente bem, continua o relato do militar.
O militar disse acreditar que os mortos pelo acidente não são heróis nem vítimas, e sim profissionais competentes, pioneiros no que faziam. Após o fim do incêndio, os sobreviventes não puderam se aproximar do local, mas viram o que restou: uma imagem dantesca de uma imensidão de ferro fundido, disse o militar.
Informações Folha Online