Vinte milhões de eleitores foram convocados às urnas, neste domingo (20), para escolher quem governará a Venezuela durante os próximos seis anos. Apesar da grave crise (marcada pela hiperinflação, o desabastecimento e o êxodo de milhares de venezuelanos), o atual presidente, Nicolás Maduro, está confiante na reeleição – até porque a oposição está dividida e seus principais rivais políticos foram presos, exilados ou proibidos de se candidatar.
Já quem quer uma mudança terá que decidir entre votar em um dos candidatos, que disputam a Presidência com Maduro, ou aderir ao boicote, proposto pelos principais partidos opositores.
Dos três candidatos que disputam com Maduro, apenas um – Henri Falcón – tem chances de derrotá-lo. O ex-governador, de 56 anos, já pertenceu ao Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), no poder há 18 anos, antes de passar para a oposição. Mas ele se opôs à decisão da maioria dos partidos opositores, que integram a frente Mesa de Unidade Democrática (MUD), de fazer campanha pela abstenção.
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Falcón lançou a sua própria candidatura, na esperança de obter o apoio dos milhares de venezuelanos descontentes, que há anos fazem filas quilométricas nas portas de supermercados vazios e sentem que seu dinheiro vale cada vez menos. Segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), a inflação venezuelana este ano pode chegar a 13 mil por cento.
"Nosso governo vai respeitar os Direitos Humanos, e mudaremos a Venezuela com o voto, não com a abstenção", disse Falcón durante a campanha. Ele argumentou que ditaduras como a chilena, de Augusto Pinochet (1973-1990), e a espanhola, de Francisco Franco (1939-1975), que tiveram fim via eleições.
Além de Maduro e de Henri Falcón (Avançada Progressista), disputam o cargo Reinaldo Quijada (Unidade Política Popular 89) e o pastor Javier Bertucci (Esperança pela Mudança).
Muitos outros opositores – entre eles, os mais moderados, como Henrique Capriles – lembram que já tentaram derrotar Maduro nas urnas. E que, apesar de terem conquistado a maioria parlamentar em 2015, o governo nunca os deixou legislar. No ano passado, a Suprema Corte decidiu que o Parlamento não tinha legitimidade porque deu posse a três deputados cuja eleição tinha sido questionada, fato que abriu uma grave crise política no país.
Segundo esses lideres da oposição, participar das eleições seria legitimar uma fraude.