Um estudo feito no Estado de São Paulo indica que a vitalidade do bebê não está relacionada ao tipo de parto. A partir de declarações de nascimento processadas pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados, verificou-se que, em cada mil nascidos vivos, oito apresentavam baixa vitalidade, mas não houve diferenças significativas entre os que nasceram por parto normal e os que nasceram por cesariana. Para determinar a vitalidade do bebê, utilizou-se o índice de Apgar, que varia de zero a dez e avalia freqüência cardíaca, respiração, reflexos, tônus muscular e aparência da pele. Crianças que, no quinto minuto de vida, apresentam índice de Apgar inferior a sete são consideradas de baixa vitalidade.
O estudo foi publicado na edição de agosto da revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz. Conduzida pela equipe do economista Samuel Kilsztajn, coordenador do Laboratório de Economia Social (LES), de São Paulo, a pesquisa excluiu da análise nascidos vivos com risco extremo para baixa vitalidade e com indicação médica para cesárea. O objetivo era eliminar fatores de interferência de ordem obstétrica, demográfica e social, focando a investigação apenas em uma possível diferença de vitalidade entre os recém-nascidos associada ao tipo de parto – diferença essa que não foi observada.
Assim, dos mais de 610 mil nascidos vivos no Estado de São Paulo em 2003, foram incluídos no estudo cerca de 496 mil, sendo 245 mil partos normais e 251 mil cirurgias cesarianas. Isso significa que as cesáreas representaram mais de 50% do total de partos analisados. Se considerarmos apenas os nascimentos na rede de saúde privada do estado naquele ano, esse percentual ultrapassa os 80%.
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No entanto, "a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que não há justificativa para um percentual de partos cesáreos superior a 15% em nenhuma região", diz o artigo. Os autores lembram, por um lado, que parte das cirurgias cesarianas é realmente clinicamente indicada e soluciona problemas no parto. Por outro, diversos estudos apontam que a cesárea – quando realizada de forma não criteriosa, no contexto de uma cultura médica pró-cirúrgica hoje comum no Brasil – representa maior risco para a mãe e o bebê. "Os partos cirúrgicos só deveriam ser empregados quando rigorosamente indicados", conclui a equipe de Kilsztajn.