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Trajetória admirada

Fotojornalista Jaelson Lucas morre aos 70 anos em Londrina

Walkiria Vieira - Folha de Londrina
30 ago 2024 às 20:18

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- Arquivo pessoal
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O repórter fotográfico Jaelson Lucas Fregatti Navarro, também conhecido como Jajá, faleceu na tarde desta sexta (30), aos 70 anos. Com uma carreira admirada por diferentes gerações, causou grande impacto a notícia de seu falecimento, pois iria realizar uma cirurgia cardíaca eletiva em um hospital de Londrina. Mas ele não resistiu e morreu na mesa de cirurgia. Em respeito à vontade dele, não haverá velório. Seu corpo passará por cremação no Cemitério Parque das Allamandas.


Natural de Lins, estava aposentado, morava em Londrina e entre os planos estava a viagem para João Pessoa - assim que tivesse a liberação pelos médicos. Além da fotografia, Jaja era fascinado por paisagens de belezas naturais e era a bordo de seu jipe que se sentia realizado também.

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A Secretaria de Estado da Comunicação (Secom) expressou em comunicado oficial as condolências pelo falecimento. "Com importante carreira no fotojornalismo paranaense, Jaja, como era conhecido, se destacou na imprensa londrinense, principalmente no jornal Folha de Londrina, com grandes coberturas", publicou.

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Pai de Flávia, Lucas, Leonardo e Matheus, em 2021 passou por um procedimento também cardiológico. À época, fez uma publicação entusiasmada e bem humorada pela vida em suas redes sociais. O título era: No leito da vida, com Deus no Comando.

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"Aos meus familiares e amigos: "Há vinte dias estou em Londrina a passeio e também para uma revisão no meu jipe, pois então, minha filha pediu para eu fazer uma revisão médica, aconteceu que descobrimos que eu e o jipe estávamos 'estropiados'.


Conclusão, no último dia 25, passei por uma cirurgia cardíaca de troca de válvula e três pontes de safena, estou hoje em recuperação no Hospital Evangélico de Londrina.

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Estou bem, devo ter alta em poucos dias. Já o jipe, vai demorar um pouco mais e, com certeza, daqui a uns trinta dias voltaremos os dois novinhos para casa.


Não comuniquei antes para que não ficassem preocupados. Espero que tenhamos, uns com os outros, mais carinho e compreensão, pois desta vida só se leva a vida que leva.

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Quero aqui agradecer de todo coração, e diga-se de passagem, ao Dr. Luiz Carlos Miguita e seus dois filhos cardiologistas, e também a equipe médica do Hospital Evangélico que fez de tudo para que a cirurgia terminasse com sucesso que terminou.


Gente, fui até no final da trilha e voltei para recomeçar a viver novamente, e esta oportunidade não vou desperdiçá-la. VIVA A VIDA!VIVA O SUS! VIVEMOS TODOS NÓS! Como diz a música, meu coração bate mas também apanha, e dessa vez apanhou bastante. Obrigado a todos, e pense bem vou viver mais 67 anos, rs", escreveu.

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A jornalista Marivone Ramos foi casada com Jaelson por sete anos e o manteve em sua vida como um grande parceiro. Juntos tiveram Matheus Navarro, formado em Psicologia. A jornalista estava acompanhando de perto todos os trâmites para a realização da cirurgia.


"Ele ia precisar operar porque estava com uma infecção no coração, uma endocardite. Sabíamos que era grave, mas jamais passou pela cabeça que isso iria acontecer assim. Estamos todos aqui muito abalados porque até ontem ele estava ótimo. Tinha planos de viajar, a gente ia pra João Pessoa, entre outros planos", lamenta.

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HISTÓRIA 


Não faltam profissionais no mercado para discorrer sobre a trajetória de Jaelson. Pois trabalhou com fotografia desde o tempo em que era preciso entender muito de luz para antes colocar o dedo no obturador.

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Seu começo vem da época em que a fotografia era ampliada em papel fotográfico, mas antes disso, era com um filme bem colocado na câmera e um olhar apurado que se captava imagens. Era a fotografia analógica e um esmero que exigia do fotógrafo colocar na mesma na mesma mira, o mesmo olho, cabeça e coração, como ensinou o fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson.


Reconhecido pela distinção de suas imagens. Fora premiado internacionalmente pelo registro da superlotação de uma penitenciária. Atuou como laboratorista fotográfico e foi fotógrafo no jornal Panorama, na Folha de Londrina, Jornal de Londrina e na revista Placar e encerrou a carreira profissional na Agência Estadual de Notícias.


"O Jaelson se aposentou e eu vou te falar de da honestidade dele. Na pandemia ele ficou parado por conta do isolamento e ele não achava justo ficar recebendo enquanto ele não podia fotografar", recorda Ramos. "Todas as sua fotos tinham gente na composição e quando a pauta era futebol, toda foto tinha a bola. Era um fotógrafo de verdade", valoriza Marivone Ramos.


Bastante sentido também com a notícia, o repórter fotográfico Fernando Cremonez recorda que na última vez que se reuniram a conversa varou a madrugada. "Era para mim muito mais que um amigo, pois sempre me ajudou e me ensinou sobre a arte do fotojornalismo. O Jaelson nunca teve medo de ensinar e o fazia com prazer e de um modo fantástico. Talvez muita gente não saiba, mas virou fotógrafo por acaso. Ele se candidatou para a vaga de motorista do jornal. Na hora de sua entrevista, já haviam decido por um senhor, porque era muito experiente. Diante da vontade de trabalhar demonstrada pelo Jaja, o recrutador perguntou o que ele gostava de fazer e não teve medo. Respondeu fotografia e assim iniciou sua brilhante jornada pelo fotojornalismo.


Na ativa na Folha de Londrina, o também fotógrafo Roberto Custódio expressa o sentimento pela perda, mas enaltece o respeito que Jaelson Lucas conquistou. "Devo a ele minha incursão na fotografia, inclusive sou grato aos momentos em que foi duro comigo. Fui acompanhar com ele um protesto na Carlos Strass e num dado momento ele foi trocar o filme e pediu que eu continuasse cobrindo. Eu fui com a câmera sem filme. Escutei o que mereci e o acontecimento foi uma verdadeira virada de chave em minha postura", recorda.


Consternado, o jornalista Nelson Capucho reservou um momento para registrar sua amizade e uma homenagem ao grande amigo falecido. "Conheci o Jaelson em 1975 quando éramos todos jovens e iniciantes na profissão. Trabalhamos juntos no Panorama, um jornal que não teve vida longa, e depois na Folha de Londrina nas décadas de 1970 e 1980. Grande profissional, tinha o espírito do repórter fotográfico e uma técnica instintiva fabulosa. Para o jornal 'O Globo', participamos em parceria da cobertura de dois assaltos com reféns que se tornaram lendários: o assalto ao Banestado de Londrina e ao Banco do Brasil em Goioerê. No segundo, uma das fotos do Joelson foi destaque na primeira página de 'O Globo' e distribuída para vários jornais internacionais. Meu compadre: sou padrinho da primeira filha dele, a Flávia", relatou.

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