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Enedina era uma 'comerciante de mão cheia'

Fernando Buchhorn - Redação Bonde
04 abr 2018 às 18:07
- Arquivo Pessoal
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A Semana de Arte Moderna em 1922; a queda da Bolsa de Nova York em 1929; a ascensão da era Getúlio Vargas em 1930 e seu fim em 1954; o início e o fim da Segunda Guerra Mundial entre 1939 e 1945; o nascimento da TV no Brasil em 1950; a chegada do homem à lua em 1969; o fim dos Beatles um ano depois; a queda do Muro de Berlim em 1989; o surgimento do Plano Real em 1994; o ataque às torres gêmeas em 2001; e a maior derrota da história da Seleção Brasileira em 2014... Esses foram alguns dos principais fatos do Brasil e do mundo nos último 100 anos; fatos que somente olhos e ouvidos centenários poderiam ter vivido; olhos e ouvidos de Enedina Lobato Sales, uma observadora do tempo que em 2 de maio de 2018 completaria um século de vida.

Enedina nasceu em 1918, na cidade de Guaçuí, região sul do estado do Espírito Santo. Filha de fazendeiros do ramo cafeeiro, aos 29 anos decidiu vir à recém-nascida Londrina contra a vontade dos pais para juntar-se ao marido, Álvaro Pereira Sales, que viera anos antes conhecer e plantar na terra roxa.

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"Meu pai teve ajuda do meu avô e ficou sócio na máquina de beneficiar café lá [no Espírito Santo]. Daí ele os viu falar na terra roxa do norte do Paraná e veio conhecer. Aqui ele viu um pé de café enorme encher sozinho um saco de 60 kg. Lá precisava de uns 10 pés pra chegar na mesma quantidade. Então ele quis ficar por aqui. Voltou, vendeu a máquina que tinha lá, deixou minha mãe com minha irmã e veio montar uma aqui. Minha mãe ficou lá esperando e nada. Então ela tomou a decisão de vir atrás dele, contrariando meu avô que disse pra ela não vir", explica o filho caçula do casal, Max Sales.

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No norte do Paraná, a família Sales construiu sua vida. Enedina costurava e mais tarde montou uma loja de roupas e importados no número 57 do segundo piso do Centro Comercial, a Butikin, que mais tarde veio a ser Viramoda Boutique. Álvaro, além de máquinas de café, teve posto de gasolina, alguns sítios, distribuidora de leite e também foi dono do Castelo Eldorado, em Marilândia do Sul.

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Há 40 anos, em 1978, Enedina separou-se do marido e, como conta Max, ficou sozinha na loja, administrando tudo e viajando para fazer as compras. "Era apertado [financeiramente]; me sustentou em parte da faculdade com esse trabalho. No começo, chorava muito, depois superou. Não casou de novo e nem teve qualquer outro relacionamento depois da separação. Se preocupou com o trabalho", lembra Max.


"A Dona Enedina trabalhava muito, desde que a conheci. Tinha uma personalidade forte e contagiava pelo dinamismo. Era bem enérgica e muito correta com os negócios dela. Era uma comerciante de mão cheia e fazia acontecer", recorda Maria da Glória Valério de Paula, antiga vizinha de loja de Enedina e que há 45 anos mantém, com o marido, uma corretora de imóveis no Centro Comercial, a antiga Imobiliária Londrina.

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Letícia Sales, neta de Enedina, explica que a personalidade forte da avó também se mostrava nas roupas que ela usava. "Ela adorava cores fortes, era muito vaidosa. Estava sempre de unhas pintadas e bem arrumada. Era bem sincerona [sic.], dizia o que pensava sem pestanejar, então isso rendia histórias ótimas na família."


Perguntado a respeito do grande legado da mãe para os filhos, Max acredita que o maior ensinamento foi a firmeza para encarar a vida e a lealdade com o próximo. "Na educação era muito rígida. Ela era espírita e frequentava o Centro Nosso Lar; lá participava das campanhas das entidades que o centro dirigia, como o Lar das Vovozinhas, SOS, Anália Franco e outros. Fez minha irmã mais velha estudar piano, me incentivou muito no curso de engenharia, defendia os netos em tudo que podia. Com ela comecei a entender de negócios; abrir a cabeça; ser leal. São varias facetas da vida em que se mostrava firme."


Além da vontade de conhecer o túmulo de Allan Kardek, em Paris, Enedina Lobato Sales deixa três filhos, 12 netos e 14 bisnetos. Dia 29 de março de 2018, aos 99 anos, por choque séptico ocasionado por pneumonia decorrente de bronco-aspiração.

O Portal Bonde publica obituários todas as quintas-feiras. O leitor que quiser homenagear alguém nesta seção, pode entrar em contato pelo telefone (43) 3374-2151, de segunda a sexta-feira, das 13h às 18h. O obituário é gratuito.


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