Com milhares de participantes, a Parada do Orgulho LGBT+ de
São Paulo levou a questão do envelhecimento da população LGBTQiA+ para o centro
da discussão e da festa. Na Avenida Paulista completamente cheia – a
organização estima público de 4 milhões de pessoas – os 17 trios elétricos
desfilaram desde as 13h, rumo ao centro da cidade.
Considerado há anos a maior parada pela diversidade no
mundo, o evento levou o tema para o centro da discussão pela primeira vez em
suas 29 edições. A pauta foi comemorada pelo ativista Norivaldo Júnior,
integrante do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, do Ministério dos
Direitos Humanos e da Cidadania, que acompanhou o evento com o marido, o
publicitário Rodrigo Souza.
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“Quando a diretoria da parada anunciou que o tema seria o
envelhecer foi uma grande alegria para nós, do conselho. A comunidade LGBT
passou por uma lacuna durante a década de 80 e ela perdeu muito da sua
referência. Hoje a gente consegue fazer ou tentar fazer com que esta geração
tenha uma velhice melhor do que a minha", disse.
"Infelizmente temos uma geração, chegando, que é muito
ligada às questões do corpo e que nos devolve para o armário pois não consegue
nos ver, enquanto idosos, como pertencentes ao movimento. De certa forma não
aceitam que irão chegar aos meus 62 anos. Ela volta a nos invibilizar, e faz
com que você passe tudo aquilo que muitas vezes você passa na sua juventude, que
foi ser expulso de casa, não ser aceito em uma escola, ser difícil conseguir
trabalho, quando você chega à idade, à velhice LGBT, você volta a passar por
todo esse ciclo novamente. Por isso a importância muito grande de a parada
deste ano ter um tema de envelhecimento”, relatou Nori, como é conhecido o
ativista.
Ele e o marido são um casal de gerações diferentes, de 62 e
35 anos. “Nós estamos juntos há 14 anos, a gente tem uma diferença de idade de
27 anos, e eu acho que não importa a diferença de idade, mas, se você tem um
amor, se você tem um carinho, tem que pensar que amor é construção. Ele leva
tempo, paciência e muito companheirismo”, resumiu, emocionado, Rodrigo.
Amigos e famílias
Ao som de música eletrônica e da batida dos leques, a parada
reuniu amigos e casais de todas as idades, assim como famílias, em um ambiente
de comemoração e consciência. Um dos primeiros blocos foi o das famílias de
crianças transgênero, o Bloco Crianças e Adolescentes Trans Existem, que
desfila há quatro anos no evento. Presidente da organização não governamental
Minha Criança Trans, Thamirys Nunes, de 35 anos é, mãe de uma criança trans de
10 anos de idade e ativista pelos direitos infantojuvenis.
“A gente vem numa busca de trazer visibilidade, de mostrar
que as crianças e adolescentes trans existem, que precisamos de direitos, que
as nossas famílias são famílias como qualquer outra família, que as nossas
crianças são como qualquer outra criança. A gente sabe que existe um movimento
aí que insiste em negar a existência dos nossas filhas e filhos e insiste em
dizer que não precisa de políticas públicas, em dizer que somos famílias
disfuncionais. Estamos aqui no chão para dizer que somos famílias, como
quaisquer outras famílias. E que vamos estar aqui lutando sempre pelas nossas
crianças e adolescentes trans, porque, se precisam de futuro, o futuro começa
com reconhecimento”, disse.
Brasil
Com uma trajetória mais longa na parada, Mey Ling acompanha
a mobilização desde 1996, vindo desde 2001 montada. Hoje com 45 anos de idade,
considera importante continuar resistindo e se fazer ver neste contexto. “Tem
protesto, tem mobilização, e é sempre festa. E montada a gente tem mais
visibilidade, chama mais atenção, tem mais foto, todo mundo quer falar, todo
mundo quer... Aí é isso, quando a pessoa vem, a gente consegue abrir o leque
maior, consegue representar, consegue protestar, consegue colocar pra fora.”
Debutando na festa, o argentino German Rocha, também
montado, desfilou alegre. Na terceira idade, acha importante conhecer São Paulo
e acompanhar a luta pelos direitos além de sua Buenos Aires, de onde veio com o
marido e um amigo para desfilar.
“Viemos para participar da festa, para demostrar que tanto na Argentina como no Brasil, em muitos lugares, temos a mesma ideologia, de sustentar nossos direitos e conquistas, de buscar mais revolução e mais luta. A América Latina não será vencida”, declarou. Perguntado sobre o ativismo pela diversidade em seu país, disse: "A Argentina tem muitos direitos, mas estamos passando mal com o presidente, que é terrível e nos envergonha, mas seguimos lutando para preservar o que temos construído”, comentou Rocha.
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