Agentes penitenciários de todas as regiões do Paraná estão acampados em frente ao Palácio Iguaçu, sede do governo do Estado, em Curitiba, para reivindicar melhores condições de trabalho. Eles prometem permanecer no local até serem recebidos pelo governador Beto Richa (PSDB), em uma audiência para discutir a situação nos presídios paranaenses.
Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), Antony Jhonson, por volta das 9h20 desta terça-feira (3) cerca de 200 pessoas já estavam reunidas, distribuindo panfletos com as principais bandeiras da categoria, que incluem implementação do porte de arma, realização de concursos públicos e reajuste de 23,37% sobre o valor do adicional de risco.
Ônibus de Londrina, Maringá, Francisco Beltrão, Cruzeiro do Oeste, Guarapuava, Foz do Iguaçu e Ponta Grossa também eram esperados na capital paranaense. A expectativa é que, ao longo do dia, pelo menos 300 profissionais participem das manifestações.
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"Queremos passar para o governador números que ele deve desconhecer. A falta de efetivo e a insegurança são muito grandes. Há também um déficit de materiais: algemas, lâmpada nas penitenciárias, remédios... Sem contar o efetivo na parte técnica, médicos, psicólogos, assistentes sociais... Precisamos um investimento pesado, que garanta melhorias para a sociedade, para o preso e para o agente penitenciário", afirmou.
De acordo com o Sindarspen, atualmente existem no Estado em torno de três mil agentes, no entanto, seriam necessários pelo menos 4,5 mil para dar conta da demanda nas unidades carcerárias. Aumento nas gratificações, aposentadoria especial, fim da superlotação e adoção de protocolos de segurança também estão entre as reivindicações.
Serviços podem ser afetados - Jhonson disse que hoje começou uma operação padrão em todas as cadeias do Estado, que pode afetar o funcionamento das carceragens. "Vamos seguir o manual de segurança à risca. E aplicando esse caderno, os serviços ficam precarizados, porque o agente penitenciário costuma fazer o trabalho de três ou quatro. Vamos manter o pátio de sol e a alimentação. Mas vai ficar prejudicada a escola dos presos. Os advogados que forem atender também terão de esperar um pouco", explicou.
O vice-presidente do sindicato afirmou ainda que, caso não sejam atendidos pelo governador, os profissionais devem permanecer no Palácio Iguaçu por pelo menos uma semana. Após esse período, não estão descartadas a realização de uma assembleia geral e a deflagração de greve.
Outro lado - Procurada pela reportagem, a Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju), responsável pela administração dos presídios no Paraná, disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que a secretária Maria Tereza Uille Gomes e representantes da Casa Civil irão se reunir com uma comitiva de agentes às 12h. A Seju informou ainda que o governo deve se posicionar a respeito da mobilização apenas após o término dessa reunião.
Violência - Entre fevereiro e março deste ano, diversos casos de violência envolvendo agentes penitenciários foram registrados na capital paranaense, incluindo duas mortes. No dia 18 de março, Vilmar Antonio Prestes da Silva, de 47 anos, foi morto a tiros na Rua Francisco das Chagas Lopes, no bairro Boa Vista. Um pouco antes, no dia 13, Valdecir Gonçalves da Silva, de 35, foi assassinado dentro da própria casa, na Cidade Industrial de Curitiba (CIC). Outros dois agentes penitenciários foram baleados na cidade no mesmo mês, e acabaram se recuperando. (Atualizado às 10h51)