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Banco Patagon chegando

(Ponto-com)
06 set 2001 às 10:19
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Depois do alçapão que se abriu na Nasdaq e engoliu as promessas de fortunas repentinas na Internet, poucos se atrevem a dizer que a rede mundial ainda é uma máquina multiplicadora de dinheiro. Alguns chegam até a duvidar que exista um site sequer que tenha gerado lucro e hoje seja um sucesso como empresa. Mas, entre mortos, feridos e agonizantes, há um portal acima de qualquer suspeita, com um crescimento até maior agora do que na época da febre de 1999: o site argentino Patagon.
Não se pode dizer que as receitas do portal financeiro do jovem empresário Wenceslao Casares – conhecido como Wences –, hoje com 27 anos, sejam infinitamente superiores aos seus custos. Como vários outros empreendimentos na rede, a Patagon acaba de conseguir o breakeven em alguns dos mercados em que atua e ainda briga para chegar a essa situação nos demais. Mas isso não significa que se possa jogar o site financeiro no mesmo balaio que Star- Media ou Submarino, por exemplo. Isso porque, em vez de cair com a crise, a Patagon subiu. Em comparação com dois anos atrás, está presente em um número maior de países, tem um valor de mercado superior e, ainda por cima, se tornou um banco real na Espanha e na Alemanha, sendo que só neste último possui meio milhão de clientes.
E alguém ganhou dinheiro com isso? Basta dizer que, em 1997, o jovem Wences, de apenas 23 anos, fundou a Patagon.com com apenas 30.000 dólares. Três anos depois, 75% da empresa foi vendida ao banco espanhol Santander por 528 milhões de dólares. Hoje, o valor de mercado da empresa não é anunciado, mas sabe-se que é bem superior a 2,3 bilhões de dólares.
Essa história insólita começou em 1994, quando Casares cursava a faculdade de administração na Universidade de San Andrés e decidiu fundar o Internet Argentina, primeiro provedor de seu país. Ficou à frente do negócio por três anos e depois o vendeu para juntar o capital necessário à sua grande idéia: um portal que ajudasse as pessoas comuns a tomar decisões envolvendo dinheiro, como aplicar em fundos ou saber fazer um crediário. Assim, com uma sala e um computador, Casares e alguns amigos começavam a Patagon.
Durante 18 meses, até o fim de 1998, o projeto parecia não ter muito futuro. Nenhum artigo na imprensa, bons investidores ou clientes. O site crescia, mas em ritmo lento. Quando a calmaria já começava a mexer com os nervos de Wences, a sorte mudou radicalmente: era o início do boom da Internet no mundo e, de uma hora para outra, conseguir "plata" parecia não ser mais um problema. Enquanto que, em 1998, o site conseguiu um único investidor de peso – o Chase Capital, que colocou 8 milhões de dólares no projeto – no ano seguinte, vieram JP Morgan Capital, Goldman Sachs, General Electric Capital, Reuters, Fenway Partners, Telmex, Inbursa-Mexico, Banco Santander Central Hispano, Quantum Dolphin e GP Investimentos, que juntos aplicaram 53 milhões de dólares.
Começava, assim, o ciclo virtuoso do dinheiro que atrai mais clientes, mais investidores e mais dinheiro. Tudo andava bem, os investidores estavam felizes, mas, nesse momento, Casares resolveu tomar a decisão menos comum para um jovem empresário em 1999, dono de uma empresa ponto-com: fugir da bolsa de valores. No fim daquele ano, a Patagon estava avaliada em 150 milhões de dólares e, segundo os acionistas, liderados pela Goldman Sachs, poderia valer muito mais na Bolsa de Nova York, algo entre 750 e 900 milhões de dólares. "Fui contra desde o início. Sabia que minha empresa não era – e continua não sendo – suficientemente madura para ter seu capital aberto, que poderia se desmantelar caso isso fosse feito", diz Wences.
Os investidores estavam sedentos pela idéia de multiplicação instantânea de seu capital, e Casares entendeu que só os argumentos de um garoto de 25 anos não fariam com que desistissem disso. Então, resolveu partir para a única saída que conseguia enxergar naquele momento: encontrar um sócio estratégico que pagasse pela Patagon o mesmo que a bolsa e que fosse suficientemente fiel para não rifá-la no mercado. Para a surpresa de todos os envolvidos, ele conseguiu: o BSCH (Banco Santander Central Hispano) topou desembolsar 528 milhões de dólares por 75% das ações da empresa, o que dava uma avaliação total de 705 milhões de dólares, algo muito próximo ao estimado pelos investidores.
Dessa forma, todos aqueles que queriam sair do negócio puderam fazêlo e, de lambuja, a Patagon conseguiu como padrinho um dos maiores grupos financeiros do mundo, o BSCH – hoje com 87% da Patagon –, que tem um patrimônio de 15,9 bilhões de dólares e ativos que somam 239,6 bilhões.
O MELHOR INVESTIMENTO
Normalmente, pensar em um banco virtual, recém-criado, ganhando mercado de concorrentes maiores e mais tradicionais parece impossível até para os maiores entusiastas da Internet. Mas esse foi justamente o plano que Casares e BSCH traçaram para a Patagon.
Uma semana após a compra do portal, em março de 2000, o Santander passou para a Patagon o controle acionário do OpenBank, o maior banco virtual da Espanha – que já pertencia ao Santander – e o transformou em Patagon Internet Bank. Antes de ser vendido, o OpenBank acumulava cinco anos de prejuízos crescentes. Com a entrada de Casares e sua equipe, a situação ganhou outro tom, com a duplicação do número de clientes em apenas um ano, chegando a 180.000 correntistas espanhóis, além da diminuição de despesas e do aumento de receitas. Hoje, deixado de fora os gastos com publicidade, a nova empresa já é lucrativa nesse país.
A magia aí empregada é baseada em dois conceitos básicos: cortar estrutura e aumentar o retorno ao cliente. O Patagon Bank tem uma feroz estratégia de marketing para mostrar ao mundo que, sem um formato tradicional, pode dar as maiores rentabilidades e cobrar as menores taxas do mercado. Segundo Casares, os bancos tradicionais possuem dezenas de milhares de agências, mas poucas pessoas usam mais do que uma delas, entre uma e duas vezes por mês. "Queremos mostrar que ninguém é obrigado a pagar o salário dos 100.000 empregados do Bradesco para ter uma poupança", diz. O Patagon Bank da Espanha conta com apenas oito agências e 200 empregados – no mundo, são 750. Quase toda a comunicação é feita online. "Temos tudo que um banco normal tem, como talão de cheque, poupança e cartão, mas com um desempenho imbatível."
A experiência espanhola passou tão bem no teste que o Santander resolveu ir novamente às compras. Em junho de 2000, a Patagon, então avaliada em mais de 2,3 bilhões de dólares, anunciou a sua entrada no mercado americano com a aquisição da Corretora de Valores KeyTrade Online e, 12 meses depois, fechou a compra do banco virtual alemão Santander Direkt Bank, que sozinho possui 500.000 clientes – e que já atingiu o breakeven. "Estamos crescendo cada vez mais e o nosso próximo passo é o Brasil, onde o nosso site já tem 120.000 usuários ", diz Casares. As operações por aqui estão adiantadas. Para o cargo de diretor regional foi contratado o experiente Eduardo Brigagão, que já ocupou importantes cargos no Citibank e na Credicard no país. Os planos da empresa são de estrear o Banco Patagon tupiniquim antes do fim do ano e ser rentável em 2002.
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