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Brasil pode passar por dificuldades no setor de energia

Redação Bonde
10 jan 2008 às 08:17

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O Brasil terá de administrar um cenário energético complicado em 2008 e pode ter problemas de suprimento no médio prazo caso cresça mais de 5% ao ano, alerta a agência de avaliação de risco Fitch Ratings no seu relatório sobre as perspectivas de energia para a América Latina neste ano.

"O robusto crescimento da demanda de energia gera preocupações sobre o suprimento se esse crescimento passar de 5% ao ano", diz o relatório da Fitch, na parte dedicada ao Brasil.

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"O principal desafio do governo para os próximos cinco anos é tornar viável a expansão da matriz energética", acrescenta.

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A agência prevê um ano difícil para toda a região, por causa da conjunção de três fatores: crescimento da demanda, escassez de gás e aumento dos preços dos hidrocarbonetos.

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"Este ano pode ser mais um desafio para as companhias de geração de energia que lutam para manter o suprimento diante do aumento da demanda na região", afirma a agência. "Em particular, o ano será desafiador no Cone Sul, em meio à crise do gás natural."


'Progressista'

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O Brasil, no entanto, aparece no relatório entre os países mais bem preparados para enfrentar os problemas que virão por causa da sua estrutura regulatória, considerada "atraente para os investidores".


"Em geral, a estrutura do Brasil é progressista em comparação com os outros países da região", disse Gianna Bern, diretora da Fitch para a América Latina. "No entanto, a crise do gás vai afetar o Brasil também, e os preços de outras fontes de energia estão aumentando."

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Bern também faz a ressalva de que a situação do Brasil pode ser considerada favorável em relação ao resto da região desde que o país possa contar com as suas hidrelétricas do Sudeste - prejudicadas por causa da escassez de chuvas.


São citados como positivos no relatório o fato de o país, assim como Colômbia e Chile, permitir que companhias repassem o aumento dos custos de geração de energia aos consumidores e o de as tarifas "refletirem aumentos nas estruturas de custo".

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A Argentina é o destaque negativo no relatório por fazer justamente o contrário, fixar os preços, e assim supostamente afastar potenciais investidores.


"O melhor exemplo (de países que não permitem o repasse do aumento de custos aos consumidores) é a Argentina, onde as tarifas congeladas e a intervenção do governo nas exportações de gás natural desestimularam investimentos no setor."

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Segundo o relatório, enquanto houve "muito pouco investimento" no setor elétrico argentino de fora do país, no Brasil as regras do setor estimularam "uma série de projetos públicos e privados de geração de energia".


Gás

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No curto prazo, porém, o Brasil continuará a depender do gás para mover as termelétricas, pelo menos até que o nível dos reservatórios das hidrelétricas melhore.


Para Ricardo Carvalho, diretor-sênior de ratings corporativos da Fitch Ratings no Brasil, até que isso aconteça, o governo deveria restringir o uso do gás nos veículos a fim de preservar os reservatórios.


"Flexibilizar o gás é uma medida muito perigosa porque já tem um desequilíbrio entre demanda e oferta. Você continuar utilizando o gás para outra fonte que não seja a geração de energia acaba por maximizar os riscos", diz Carvalho. "É uma medida impopular, resta ver o quanto o governo vai esperar por São Pedro."


Segundo o relatório da Fitch, a tendência pelo menos no curto prazo é que a demanda de gás natural continue a ultrapassar a oferta regional.


"Seria uma posição pró-ativa não esperar a luz vermelha acender para tomar outras decisões porque, daí sim, elas serão mais drásticas e as conseqüências serão maiores. A gente espera que o governo administre de forma mais intensa os sinais que estão sendo dados. Eles são fortes e preocupantes."


Se não fizer isso, alerta Carvalho, o Brasil corre o risco de ter de passar por um racionamento mais adiante e ver frustradas as expectativas de crescimento para 2008.


"O governo está apostando todas as fichas em São Pedro, e as variáveis que potencializam o risco (baixo nível dos reservatórios, escassez de gás e aumento da demanda) estão cada vez mais intensas."

As informações são da BBC Brasil.


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