O juiz Márcio José Tokars, da Central de Inquéritos, indeferiu o pedido de prisão preventiva do empresário Paulo Pacheco Mandelli - acusado de ser um dos principais responsáveis pela comercialização de peças de veículos furtados no Paraná. De acordo com o despacho do juiz, não existem provas suficientes que indiquem que existia realmente a comercialização de peças de carros furtados nas lojas de Mandelli. "Os fatos relatados pela denúncia são de alta gravidade e reprovação social", diz o relatório do juiz, datado do dia 13 deste mês. "No entanto são frágeis os indícios de autoria, pois se juntou cópias reprográficas de degravações de escutas telefônicas e declarações indiciárias de acusados", conclui Tokars.

A decisão judicial está sendo questionada pelo Ministério Público, que irá entrar com um recurso junto ao Tribunal de Justiça. Entre os pontos que deverão fundamentar o recurso está o despacho feito pelo mesmo juiz no dia 26 de outubro, autorizando o sequestro dos bens do empresário. O relatório autorizava o sequestro do estoque físico das empresas Motoralba Motores e Câmbios Ltda. e Valdocar Comércio de Peças Automotivas Ltda. "A supressão dos sinais de origem das peças aliada à total falta de registros fiscais revela que procede a infração à legislação. Tal conduta demonstra fortes indícios de revestir-se de intenso dolo no sentido de ocultação das peças", dizia o texto do juiz dias antes de indeferir o pedido de prisão de Mandelli.

O pedido feito pela Promotoria de Investigações Criminais (PIC) do Ministério Público estava fundamentado em mais de 20 páginas, com laudos feitos pelo Instituto de Criminalística do Paraná e que demonstrariam a procedência ilegal de muitos veículos encontrados nas lojas de desmanches do empresário. Também estão citados no pedido situações que envolveriam Mandelli em venda de peças de veículos furtados nos estados de São Paulo e Santa Catarina. Além da análise de documentos da quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico de Mandelli.