Quase cem presos mortos em duas chacinas no Norte do País. A guerra entre facções criminosas escancarou o caos no sistema penitenciário e pode ter dado início a uma nova fase de violência no Brasil.
Se dentro dos presídios a batalha parece perdida, o grande desafio será conter o avanço da barbárie pelas ruas. As ações de violência extrema, ocorridas a mais de 2 mil quilômetros do Paraná, podem estar mais próximas do que parecem.
Os organismos policiais já fazem enfrentamento a facções criminosas em três regiões do Estado. Segundo o chefe do Departamento Penitenciário do Paraná (Depen-PR), Luiz Alberto Cartaxo de Moura, Londrina, pela proximidade com as penitenciárias do Oeste de São Paulo, na região de Presidente Prudente, abriga uma célula da facção Primeiro Comando da Capital (PCC). "Londrina sempre demanda maior atenção, pois a influência dos líderes do PCC que estão nos complexos penais no interior paulista é muito forte na cidade", detalha.
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A mesma organização criminosa também mantém uma base na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). "Temos uma unidade em Piraquara exclusiva para presos faccionados do PCC. Como centro financeiro do Estado, a capital movimenta muito dinheiro e atrai os criminosos", explica. O terceiro ponto crítico, segundo Cartaxo, é a região de fronteira, em Foz do Iguaçu. Lá, além do PCC, também há registros da presença do Comando Vermelho, grupo criminoso rival que tem base no Rio de Janeiro.
De acordo com Cartaxo, desde outubro do ano passado, quando os serviços de inteligência identificaram o início da guerra entre as facções, o Depen isolou os integrantes de facções rivais no Estado. "Identificamos o maior número possível de integrantes de facções e separamos os grupos rivais. Corre-se o risco de ainda haver membros não identificados, mas tomamos as providências necessárias", diz.
O Depen registrou oito mortes de presos em penitenciárias paranaenses em 2016. Segundo Cartaxo, as investigações ainda estão em curso e só elas poderão apontar se há relação com facções criminosas. "Em alguns casos, há indícios que possam ter ligação com facções. O que ocorre é a morte daqueles que não pagam a cebola, que na linguagem do crime é um tipo de mensalidade cobrada pela facção", conta.
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