Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Conheça a história

Paraná completa 167 anos de emancipação neste sábado

Marcos Martins - Especial para a FOLHA
19 dez 2020 às 13:03
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade


Quinta maior economia do país, o Paraná tem em 19 de dezembro uma de suas datas mais importantes. Nesse dia, há 167 anos, o Estado foi oficialmente desmembrado da Província de São Paulo, transformando-se na mais nova localidade do Brasil Império. No entanto, a data é contestada por alguns historiadores, defensores das comemorações em 29 de agosto, quando o imperador Dom Pedro II sancionou a lei que deu autonomia ao Estado. Quase quatro meses depois, houve a instalação oficial e posse do primeiro presidente da província, Zacarias de Góis e Vasconcellos, em 19 de dezembro de 1853 – daí a polêmica.

Nossa história, porém, começa bem antes. Ao fim do século XVI e começo de XVII, houve intensa procura por metais preciosos na baía de Paranaguá. Primeira região do país a apresentar sinais de ouro, o território passou a receber desbravadores. A produção aurífera levou à transformação de Paranaguá em capitania, em 1660. Mas a descoberta de ouro no Centro-oeste brasileiro tirou o foco da Coroa Portuguesa de nosso território. Em 1710, foi então fundada a Capitania Geral de São Paulo, que incluía os territórios das capitanias de Paranaguá, São Vicente, Santo Amaro, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Ou seja, o território paranaense estava sob tutela paulista, com a denominação de 5ª Comarca de São Paulo, com sede em Paranaguá.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


No século seguinte, a área da capitania paulista sofreu significativas perdas. "Tivemos a emancipação de locais importantes, como Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Goiás e Santa Catarina. Além disso, a própria Capitania de São Paulo perde sua autonomia em 1748, passando a responder à comarca do Rio de Janeiro”, explica a professora de História, Maria Helena Ramos. Quinze anos depois, o Rio torna-se capital do Brasil e há uma nova reestruturação política. São Paulo reconquista a autonomia em 1765, tendo como territórios os atuais Estados paulista e paranaense.

Leia mais:

Imagem de destaque
Não é brincadeira

Mulher é demitida por justa causa por ter sido racista com colega de trabalho no PR

Imagem de destaque
Alerta de golpes

Fazenda e Receita alertam para envio de guias falsas de IPVA por e-mails e SMS

Imagem de destaque
Luta pela preservação

Paraná reconhece dívida histórica com os povos indígenas

Imagem de destaque
Mudanças no cardápio

Lei que estimula peixe na merenda do Paraná deve beneficiar produtores independentes


Sob a administração de São Paulo, os paranaenses sofriam com a falta de estrutura para atender questões básicas, como segurança e educação, causando grande insatisfação popular.

Publicidade


"Devido a esse descontentamento, há a primeira tentativa de emancipação política em 1811, liderada por Pedro Joaquim de Sá, mas sem sucesso. Uma década depois, o capitão Floriano Bento Viana faz uma nova tentativa, através de um movimento conhecido como ‘Conjura Separatista’, que também fracassa”, pontua Maria Helena. Entre 1831 e 1840, durante o Período Regencial, várias rebeliões foram registradas pelo país. A mais acentuada, no Rio Grande Sul, foi a "Guerra dos Farrapos” (1835-1845), causada pelo descaso do Império com a criação de gado e produção de charque na região Sul. Preocupados com o risco de que os revolucionários tivessem apoio no Paraná, a província de São Paulo procurou ajuda de Curitiba, prometendo, em troca, a emancipação da Comarca.


"Até como uma forma de agradecimento por aquela união, o então presidente da província de São Paulo, Barão de Monte Alegre, pede ao governo imperial a emancipação da comarca no ano de 1842, indicando Curitiba para capital da nova província. Só que aí começa uma briga com Paranaguá, que em razão da importância histórica exigia ser a capital. Como não houve acordo, a separação não caminhou”, descreve a professora Maria Helena. No ano seguinte, em mais uma tentativa, foi a vez dos deputados paulistas retardarem as discussões, temendo prejuízos econômicos para São Paulo com uma possível separação.

Publicidade


Nos anos seguintes, os parlamentares seguiram boicotando o processo. Em uma das ações, desmembraram distritos para reduzir o território pertencente a Curitiba, que em 1852 passou de 5ª Comarca para 10ª Comarca da Província de São Paulo. Minas Gerais e Bahia passaram, então, a apoiar a causa paranaense, interessados em reduzir a importância política de São Paulo. Em 02 de agosto de 1853, o projeto de emancipação da comarca paranaense foi aprovado e, no dia 29, sancionado por Dom Pedro II.


Meses depois, em 19 de dezembro de 1853, houve a instalação solene da nova província, com a posse do primeiro presidente, Zacarias de Góis e Vasconcellos, que havia governado as províncias do Piauí e Sergipe, além de já ter sido deputado e ministro da Marinha. "Há quem defenda a mudança da data, até tentativas de lei para alterar já tivemos. Na minha opinião devemos seguir comemorando em dezembro, que é quando se inicia efetivamente o novo período, mas com o cuidado de sempre descrever os acontecimentos de agosto também”, opina Maria Helena.

Publicidade


O nome "Paraná” vem da língua Guarani e significa "semelhante ao mar”. Curitiba foi mantida como capital da província, dividida em três comarcas: Curitiba, Paranaguá e Castro. Havia, na época, duas cidades (Curitiba e Paranaguá), sete vilas (Guaratuba, Antonina, Morretes, São José dos Pinhais, Lapa, Castro e Guarapuava), seis freguesias (Campo Largo, Palmeira, Ponta Grossa, Jaguariaíva, Tibagi e Rio Negro) e cinco capelas curadas – título oficial dado pela igreja católica a uma vila com importância econômica e populacional (Guaraqueçaba, Iguaçu, Araucária, Rio Branco e Palmas). A população era de aproximadamente 62.258 habitantes e a economia baseada na pecuária, agricultura de subsistência, comércio e indústria extrativa de erva-mate.


Hoje, com 399 municípios, o Estado tem 11.516.840 habitantes, de acordo com o IBGE. A matriz econômica é bastante diversificada, alicerçada na agricultura, pecuária, mineração, extrativismo vegetal, indústria e serviços. Carlos Massa Ratinho Júnior (PSD), eleito em 2018, é o 57º governador — cargo equivalente ao ocupado em 1853 por Góis e Vasconcellos.

LEIA MAIS: Apesar de destaques, participação do Paraná nas grandes discussões do país ainda é tímida


Publicidade

Últimas notícias

Publicidade