O Paraná é o segundo estado do Brasil que mais registrou incêndios por sobrecarga. Com 88 ocorrências, a região ficou atrás somente de São Paulo, com 92 acidentes. No que diz respeito aos choques elétricos, o Paraná ficou em sexto lugar na listagem, com 37 óbitos, face aos 674 apontados em todo o país. Os dados são da Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade), que mostram que a maioria dos incêndios por sobrecarga aconteceram nas residências e nas empresas, independentemente do porte.
Em todo o Brasil, as principais causas de mortes por choques elétricos foram: fio partido ou sem isolamento; eletrodoméstico ou eletroeletrônico, sendo as geladeiras e freezers os principais vilões; e extensão, benjamins e tomadas.
Os acidentes com o carregador de celular – um item novo no Anuário da Abracopel – foram responsáveis por 21 choques elétricos em todo o Brasil, sendo 16 fatais. Antes de 2018, a entidade não tinha esse item no banco de dados, já que casos de acidentes (choque elétrico ou incêndio por sobrecarga) não apareciam em notícias.
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O principal motivo para incêndios e choques é o desconhecimento e o descaso com o risco que as pessoas correm, não seguindo normas e regulamentos. Segundo Fábio Amaral, engenheiro eletricista e diretor da Engerey Painéis Elétricos, “é comum as pessoas acharem que os acidentes nunca acontecerão consigo ou com familiares, então elas correm o risco, mas esquecem que, na grande maioria dos casos, a eletricidade não dá uma segunda chance e, com isso, acabam se acidentando”.
Evitando choques em casa
Em sua avaliação, o Brasil tem um número significativo de acidentes com choque elétrico, situação que, na maioria das vezes, poderia ser evitada com a execução de projetos elétricos e a instalação de dispositivos de proteção como DR (Diferencial Residual), por exemplo, ou, ainda, o dimensionamento correto de condutores.
Por isso, Amaral aconselha às pessoas nunca realizarem nenhum trabalho envolvendo eletricidade se não tiverem conhecimento sobre o assunto e, tampouco, sobre os riscos que ela oferece. “Para um profissional capacitado, é sempre importante fazer rotineiramente a Análise Preliminar dos Riscos (APR), elaborando, assim, procedimentos padrões para a realização do serviço de forma segura”.
Uma outra prática que deveria ser seguida, segundo Fábio, é a revisão da instalação elétrica ao menos a cada cinco anos, pois com esta prática possíveis problemas são detectados, o que possibilita programar as adequações.
Mas, o melhor mesmo, para frear o perigo de choques elétricos, é investir em um Diferencial Residual, ressaltando o posicionamento do engenheiro da Abracopel, Edson Martinho, uma vez que o dispositivo é apto para evitar fugas de energia em um circuito elétrico, que podem acontecer em ocasiões de choques, fios desencapados, condutores mal isolados ou em contato com carcaças: “Esse equipamento tem capacidade para reconhecer qualquer pane na rede elétrica. Ao fazer essa identificação, o circuito é desligado automaticamente, impedindo, assim, a gravidade do choque elétrico”, garante o especialista.
A NBR (Norma Brasileira) 5410 endossa que todas as instalações elétricas devem ter o DPS instalado.
É possível evitar acidentes por sobretensões
Além do DR, há também o DPS (Dispositivo de Proteção contra Surtos), o qual é instalado nos padrões de entrada de energia. Seu objetivo, nas palavras do engenheiro eletricista da Engerey, é “proteger pessoas e objetos de surtos elétricos”, fenômeno que corresponde à queima de dispositivos elétricos e eletrônicos e que ocorre devido a vários fatores, como raios ou por sobretensões provocadas por oscilações na rede elétrica, por exemplo. Em casos piores, estes curtos-circuitos podem levar a acidentes mais graves, como os incêndios, e serem fatais. “Por isso, nada melhor que investir neste dispositivo, que pode salvar vidas. Na prática, esse instrumento desvia as correntes de surto para que não haja nenhum risco de acidente”, finaliza Amaral.
Saiba mais
O estudo da Abracopel aponta que, durante todo o ano de 2021, foram registrados 1.579 acidentes com energia elétrica. Além dos choques, responsáveis por 674 óbitos, houve a perda de 46 vidas em incêndios por sobrecarga de energia (curto-circuito) e 40 por descargas atmosféricas (raios).
No que diz respeito às mortes, na listagem, o Paraná ficou atrás apenas do Rio Grande do Sul e Minas Gerais, ambos com 41; Bahia (45); Pernambuco (49); e São Paulo (59), o número um da listagem, que engloba, ao todo, 674 óbitos em todo o país. Os dados são da Abracopel.
No anuário estatístico de 2020 da entidade, lançado em 2021, o Paraná esteve em 16º no ranking, com 21 mortes ocasionadas por choques elétricos; e, em 2019, ano que foram anotados 694 óbitos em todo o país, o estado ficou com o nono lugar, com 33 acidentes fatais.