Dois policiais militares rodoviários do Paraná que teriam exigido (e recebido) propina para liberar carga de combustível em 31 de dezembro de 2014, conforme consta do processo relativo à primeira fase da Operação Publicano, foram inocentados em sindicância instaurada e concluída no começo desse ano pela Corregedoria da Polícia Militar. A assessoria de imprensa da PM restringiu-se a informar que a sindicância "não encontrou indícios de crime nem de transgressão por parte dos dois policiais militares".
Ao investigar suposto esquema de corrupção na Receita Estadual, desde junho de 2014, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Londrina deparou-se com a suposta ação criminosa dos policiais Daniel Paulo Ivaszek e Roberto Soares da Silva. O acordo para o pagamento de propina de R$ 16 mil à dupla que, às vésperas do Ano Novo, estava de plantão no posto rodoviário de Iguaraçu, na Rodovia PR-317 (pertencente à 4ª Companhia da Polícia Rodoviária, com sede em Maringá), foi inteiramente gravado. Os telefones de envolvidos no esquema estavam grampeados com autorização da Justiça.
De acordo com a denúncia da Publicano 1, os dois policiais apreenderam um caminhão que transportava combustível para uma distribuidora de Londrina, onde deixou metade da carga, e para uma empresa de Maringá, onde deveria deixar a outra metade. Antes de chegar ao destino, o caminhão foi parado pelos policiais que teriam constatado irregularidades na documentação fiscal e, para liberar a carga, teriam exigido R$ 10 mil.
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Nas investigações, apurou-se que devido a desencontro de informações entre donos das empresas, motorista e outras pessoas que discutiram como conseguir o dinheiro e levar a propina aos policiais, os militares acabaram recebendo mais do que exigiam, já que uma parte do dinheiro (R$ 6 mil) foi levada por uma pessoa, e o restante (R$ 10 mil) por outro envolvido.
O Ministério Público (MP) não denunciou os dois policiais porque, por serem militares, devem ser processados na Justiça Militar. Porém, eventual inquérito e processo dependia de sindicância apontando atos ilícitos, o que não ocorreu. Os advogados dos policiais militares não foram localizados.
CIVIL
Outro policial envolvido na Publicano 1 é André Luís Santelli, investigador da Polícia Civil. Ele teria cooptado, a pedido de líderes da organização criminosa da Receita, um policial do Gaeco que, com autorização da Justiça, acabou atuando como agente infiltrado. Ele responde a processo administrativo disciplinar instaurado pela Corregedoria da Polícia Civil. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Segurança, o PAD ainda está em andamento e Santelli está afastado em razão de decisão judicial. Em interrogatório perante o juiz da 3ª Vara Criminal, Juliano Nanuncio, o policial negou qualquer ato ilícito. Ao ser confrontado com conversas gravadas com o agente infiltrado, disse não se lembrar dos diálogos.