Depois de uma greve de cinco dias, o Hospital Irmandade da Santa Casa de Arapongas (Região Metropolitana de Londrina) retomou as atividades no setor de obstetrícia no fim da tarde desta quarta-feira (3). A volta do atendimento às gestantes pela rede pública ocorreu depois que a Prefeitura notificou o MP (Ministério Público) e a 16ª Regional da Saúde. O prefeito Sérgio Onofre (PSC) chegou a cogitar a possibilidade de intervenção na instituição. Provedor do hospital informou que uma minoria de médicos paralisou atividades e pegou a diretoria de surpresa.
Segundo a prefeitura, o município mantém um Termo de Fomento com a Santa Casa. Ontem, o hospital realizou a contratação de novos médicos e a paralisação foi encerrada.
"Ficamos felizes com a volta do atendimento e torcemos para que ele nunca mais seja suspenso sem que antes a Prefeitura seja comunicada em tempo hábil para tomar as providências necessárias", afirmou o prefeito na manhã desta quinta-feira (4).
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O prefeito garantiu que a Prefeitura vai manter o Termo de Fomento no qual se compromete a repassar R$ 1,3 milhão para o hospital até fevereiro de 2019, em prestações de cerca de R$ 160 mil ao mês. "Essas parcelas mensais estão em dia e vão continuar assim", garantiu Onofre, salientando que o valor, somados aos R$ 7 milhões repassados pelo governo estadual, a outros R$ 752 mil já repassados pelo governo federal, mais recursos do SUS (Sistema Único de Saúde), de emendas parlamentares, entre outros, tornam-se de fundamental importância para que a Santa Casa possa manter a regularidade do atendimento.
A suspensão do atendimento de obstetrícia na Santa Casa causou vários transtornos, incluindo uma gestante que precisou dar à luz na UPA (Unidade do Pronto Atendimento), que não está equipada para esse tipo de procedimento, conforme o prefeito. "Felizmente, mãe e filho passam bem, mas poderíamos ter outro desfecho para esse caso, que não pode, em hipótese alguma, voltar a acontecer", finalizou.
O provedor da Santa Casa, Leonardo Daleffe, por sua vez, informou em nota que a instituição recebe R$ 1 milhão em verbas de governos, dos quais "cerca de R$ 450.000,00 são gastos com médicos, R$ 425.000,00 com folha de pagamento, que somados já são mais de 87% do valor recebido, e o restante fica para medicamentos, energia elétrica, encargos e impostos, parcelamentos de débitos do passado e parcelas de empréstimos bancários". O total é de R$ 1,3 milhão de gastos ao mês, o que soma R$ 3,6 milhões ao ano de déficit.
O que ajuda a amenizar essa dívida são empréstimos bancários, emendas parlamentares de deputados e R$ 750 mil obtidos via prefeitura. Ainda assim, o provedor diz que ainda há débitos no valor de R$ 900 mil.
Dafelle relata que, no final de semana e na noite de terça-feira (2), ao comunicar os médicos que a instituição iria pagar apenas 40% dos valores e aguardar entrar mais recursos para quitar o restante, como já aconteceu inúmeras vezes, houve uma revolta em "uma pequena minoria de médicos que eram muito necessários para o andamento do hospital nesses dias, pegando toda administração de surpresa, a qual não conseguiu nenhum substituto de imediato. Nossa sorte é ter uma boa parte dos médicos que entendem a situação e acabam ajudando na medida do possível, mas cada um deles faz o que acha de direito e temos que entender e respeitar", contou.
"Peço desculpas a toda população e firmo o compromisso e a qualidade dos nossos atendimentos, sabendo que nunca agradaremos a todos, mas não agradando a todos é o que faz com que a gente tente melhorar todos os dias. A área da saúde não é fácil e é muito cara, ela é muito importante, mas também tem muitos gastos", disse o provedor.