Os pais de um adolescente de 13 anos foram presos acusados de causar a morte do próprio filho, em Foz do Iguaçu. De acordo o delegado de Homicídios, Marcos Araguari, o jovem morreu no último dia 5 de abril com um quadro de desidratação. Ele pesava 8,8 quilos.
A Polícia Civil foi informada da gravidade do fato pelo médico legista no último dia 12. A investigação foi aberta por requisição do Ministério Público. Com base no laudo pericial, depoimentos e outros documentos, a polícia confirmou que o menino morreu em decorrência do abandono dos pais.
"O perito constatou que a criança morreu com 8,8 quilos, num estado deplorável de saúde. Estava com um quadro de caquexia, com sinais de mau tratos e abandono. As unhas estavam grandes, os cabelos compridos, a pele com uma crosta de sujeira, sem cuidado algum. Na casa da mãe encontramos um colchão bastante sujo onde a criança ficava", detalhou Araguari.
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Segundo o delegado, na casa, localizada no Jardim Morumbi, moravam o adolescente, a mãe e o padrasto. Além deles, outros dois filhos da mulher com o primeiro marido e mais dois com o atual companheiro. Nenhum dos outros filhos apresentava qualquer sinal de abandono.
Denúncias de vizinhos indicavam que a criança não recebia os devidos cuidados. O Conselho Tutelar foi até a casa da mulher pelo menos cinco vezes. Porém, nem os conselheiros nem o vizinhos tinham noção da situação real do garoto. Em todas as visitas, os conselheiros notificaram a mãe e ofereceram ajuda para que o adolescente fosse levado até um médico para receber acompanhamento. A mãe ignorou todas as tentativas.
Marcos Araguari explicou que o pai e padrasto foram ouvidos e mãe deve prestar depoimento ainda durante a semana. Ela falou apenas informalmente. Todos relataram que a criança tinha uma deficiência neurológica, por isso não se alimentava.
O delegado confirmou que o jovem sofria de algum problema, mas não foi possível definir que tipo de deficiência, já que nunca passou por exames. Araguari afastou a possibilidade de a doença ter sido a causa da morte. Ele foi enfático ao afirmar que o garoto morreu por causa do descaso familiar.
"O adolescente estava abandonado. Deixaram ele morrer à míngua. O inquérito é rico para apontar que a criança não recebia alimentação e foi deixada à própria sorte".
Provas documentais, como fotos antigas, mostram que a criança era saudável. O delegado crê na hipótese de a mãe ter deixado de alimentar o menino por conta da deficiência.
A mãe e o pai estão cumprindo prisão temporária por 30 dias. Eles responderão pelo crime de homicídio qualificado pelo meio cruel. O padrasto, apesar de não ter dever legal de cuidar da criança, também será responsabilizado. Ele deve ser indiciado por omissão de socorro com resultado de morte.
O delegado de Homicídios deve concluir o inquérito do caso até o próximo dia 10 de maio.