O ex-delegado geral da Polícia Civil, Marcus Vinícius Michelotto, deve ser solto ainda neste fim de semana – sábado (14) ou domingo (15). O prazo para que ele ficasse preso, após a operação realizada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) era de cinco dias e termina na manhã de domingo.
De acordo com um dos advogados de defesa de Michelotto, Rodrigo Sánchez Rios, um pedido foi feito para a prorrogação da prisão temporária por mais cinco dias, mas a Justiça indeferiu o pedido. "Agora aguardamos uma posição do Gaeco para a soltura dele", diz o advogado. Ainda não se sabe qual será o horário de soltura de Michelotto. O Ministério Público (MP) do Paraná informou que não vai se pronunciar sobre o assunto.
Prisão – Michelotto, além de outros três membros da Polícia Civil, foi preso na manhã de terça-feira (10), acusado pelo Gaeco de envolvimento em esquemas de jogos de azar. Ele é suspeito de cometer os crimes de formação de quadrilha, prevaricação, corrupção ativa e passiva. Desde então, o delegado é mantido no COPE (Centro de Operações Policiais Especiais).
Leia mais:
Jovem rouba dinheiro de conveniência de posto de combustíveis e acaba preso em Londrina
Polícia Rodoviária Estadual apreende mais de 185 quilos de maconha em Sertanópolis
Suspeito de agredir companheira grávida com um chinelo é preso em Apucarana
Homem é agredido após tentar ajudar mulher que estava sendo seguida em Apucarana
A acusação envolve o caso conhecido como mansão-cassino. Em janeiro de 2012, quatro policiais civis estouraram uma mansão no bairro Parolin, em Curitiba, em que eram mantidos jogos de azar, como caça-níqueis. Na ocasião, os policiais praticaram o que é conhecido como Operação Padrão e realização a ação sem mandado judicial.
No pedido de habeas corpus, negado pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), o desembargador Renato Naves Barcelos cita o mandado de prisão contra Michelotto, expedido pela 11ª Vara Criminal de Curitiba. Ele aponta que, mesmo com "plena ciência" sobre a prática de jogos de azar no Parolin - assim como o delegado Geraldo Celezinski, também preso pelo Gaeco – Michelotto "não somente se omitiu no combate à empreitada criminosa, mas, ainda, integrou a logística que culminou por dificultar a conclusão da operação voltada a coibir a atividade ilícita".
O despacho do desembargador ainda aponta formas de retaliação que teriam sido praticadas por Michelotto contra os policiais envolvidos na Operação Padrão na mansão-cassino, como "remoções compulsórias atípicas dos investigadores".
Defesa – Rios declarou, em entrevista ao Portal Bonde, que seu cliente não tem qualquer relação com jogos de azar e que não há provas que corroborem a investigação do Gaeco contra Michelotto. Além disso, o advogado acredita que a prisão do ex-delegado geral da Polícia Civil tem "caráter pessoal".
"Nós acatamos a decisão da Justiça, mas continuamos com a ideia inicial que essa medida [de prisão temporária] é desnecessária, exagerada e de cunho pessoal. Estamos vendo outras medidas que possam ser tomadas", disse. Na opinião do advogado, as disputas institucionais entre a corporação e o Ministério Público e as divergências internas dentro da Polícia Civil podem ter influenciado nas decisões e investigações sobre a mansão-cassino.