O número de denúncias por parte de mulheres agredidas no ambiente familiar aumentou 82% entre 2015 e 2017 em todo o Estado. Dados da Codem (Coordenadoria das Delegacias da Mulher) apontam que, em 2015, as autoridades registraram 3.468 casos de lesão corporal enquadrados no crime Maria da Penha. Em 2017, esse número passou para 6.342. As queixas por ameaça também tiveram alta considerável. Saltaram de 4.746 para 7.948 no mesmo período, elevação de 67%.
A Codem aponta que entre 2015 e 2017 foram registrados 62 feminicídios no Estado. Nesse período, Londrina registrou apenas um caso de feminicídio, o de Josiane de Souza, 35, no distrito de São Luiz. Porém, neste ano já ocorreram três deles: o de Maria Aparecida dos Santos, no jardim Higienópolis (centro); o de Natália Larissa Fernandes, na Vila Marízia (centro) e, o mais recente, de Dayane Aparecida da Silva, no jardim Cristal (zona sul). Ela foi morta pelo companheiro no dia 8 de abril. Na última sexta-feira (4), a Polícia Civil prendeu o acusado pelo feminicídio, Fernando Oliveira, que estava foragido em Assis (SP). Outro caso que chocou a região foi a morte de Caroline da Silva Oliveira, 16 anos, em dezembro de 2017, em Tamarana (Região Metropolitana e Londrina).
A delegada aponta o crescimento dos registros de ocorrências porque as mulheres estão se sentindo mais confortáveis em relação a realizar as denúncias e estão mais confiantes em relação ao trabalho da polícia e do judiciário. "Elas estão mais informadas para buscar os seus direitos e tudo isso tem contribuído para esse aumento das denúncias. A lei do feminicídio também tem contribuído. Ela dá uma melhor punição ao crime contra a mulher em situação de violência doméstica", afirmou.
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De acordo com a delegada, o fato de ter poucas varas Maria da Penha não interfere no aumento de registros de ocorrências. "De modo algum. Mesmo não tendo os juizados específicos que a lei prevê, as mulheres são apoiadas em cidades que não existem varas especializadas em varas criminais comuns. A mesma disciplina é aplicada a todos. Lógico que uma vara especializada pode dar mais atenção que uma vara que julga todos os tipos de crimes comuns e normalmente é muito tumultuado, mas em termos de ser corretamente aplicada, a eficiência é a mesma coisa", argumentou.
ESTATÍSTICA
Segundo o Instituto Maria da Penha, a cada sete segundos uma mulher é vitima de violência física no país, cerca de 500 por hora. Um levantamento realizado pela doutora em demografia pela Unicamp Jackeline Aparecida Ferreira Romio apontou que o maior número de feminicídios domésticos foi na faixa de 15 a 49 anos, que coincide com a idade reprodutiva. De 2009 a 2014 foram mortas 5.598 mulheres nesta idade, do total de 7.707 feminicídios, o que representa mais de 70% de todos os casos domésticos registrados no período estudado. Quando a violência sexual é a causa da morte, o percentual de vítimas de 0 a 14 anos foi de 40% dos casos.