O ex-GM (guarda municipal) Ricardo Leandro Felippe, acusado de matar três pessoas em abril de 2017, foi encontrado morto na tarde desta segunda-feira (22), na PEL II (Penitenciária Estadual de Londrina II). Conforme o diretor da unidade, Reginaldo Peixoto, o ex-guarda se enforcou enquanto os demais presos saíram das galerias para o banho de sol, por volta das 15h.
"Ele estava agindo normalmente no dia do banho de sol. Ele e mais três presos estavam dentro do cubículo. Nós retiramos os demais presos e o restante da galeria. Ele falou que estava com dor de cabeça e que não iria para o sol hoje. Nós terminamos de retirar os presos, ele ficou lá dentro e conversou com os funcionários normalmente, mas aproximadamente 40 ou 50 minutos depois disso, um preso passou pela portinhola, percebeu que estava tampada com um colchão, achou estranho e chamou um funcionário. Mas quando o funcionário chegou ele já estava morto. Foi tudo muito rápido", explicou Peixoto. O diretor da PEL II afirmou ainda que Ricardo Leandro deixou uma carta endereçada aos familiares. "A carta já está com a Polícia Civil, que compareceu ao local com o IML [Instituto Médico-Legal]."
Diretor da PEL II, Reginaldo Peixoto
Sobre os últimos dias, Peixoto ressaltou que o ex-GM sempre passou por acompanhamentos psiquiátricos e que foi atendido normalmente na semana passada. "Ele estava em uma galeria com outros presos que necessitam de cuidado especial, haja vista a natureza de seus delitos bem como com a profissão que exercia antes da prisão", acrescentou. No entanto, conforme o diretor, no fim de semana Ricardo recebeu visita dos familiares e no domingo (21) fez a prova da UEL (Universidade Estadual de Londrina), no vestibular que teve dentro da penitenciária. "A gente faz o acompanhamento de todos os presos e estava tudo tranquilo. Para nós foi uma surpresa."
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Ainda segundo o diretor da unidade, houve um episódio parecido logo quando Ricardo chegou à unidade, há cerca de um ano, mas que não se repetiu mais. "Aqui ele estava vivendo normalmente, não havia nenhum incidente sobre ele."
O próximo passo da direção da PEL II será abrir um procedimento administrativo, assim como a Polícia Civil e Instituto de Criminalística de Londrina. "Assim, poderemos apurar todas as questões. Todos os presos e agentes penitenciários serão ouvidos. É prematuro falar de alguma questão agora sobre depoimentos de outros que conviviam com ele na penitenciária", declarou.
O caso
O ex-GM Ricardo Leandro Felippe era acusado de matar três pessoas e ferir outras duas em Londrina. O crime foi registrado em 3 de abril de 2017. Na ocasião, a sócia de uma de suas ex-namoradas foi atingida por três disparos de pistola, no Jardim Guanabara, zona sul de Londrina. Em seguida, ele foi até a casa de outra ex-namorada e atirou contra quatro pessoas da família dela. Um adolescente de 16 anos, filho da ex-namorada, morreu ainda no local. O pai dela, Valdir Siena, morreu no hospital após uma semana.
No dia seguinte, Ricardo foi preso em Maracaí (130 km de Londrina) com um veículo Peugeot de cor branca e uma arma de fogo.
Desde então, vários laudos médicos foram divulgados sobre a saúde mental de Ricardo Felippe. A defesa alegou que ele sofria de transtornos psicológicos, mas em junho de 2017, a conclusão do exame realizado no CMP (Complexo Médico-Penal) apontou que o guarda municipal era "plenamente capaz de entender seus atos e responsabilizar-se por eles".
Em julho de 2018, quando Ricardo estava preso preventivamente há um ano e dois meses quando foi condenado a mais de seis meses de prisão em regime aberto pelos crimes de desobediência, perturbação de sossego e vias de fato cometidos contra Rachel Espinosa, com quem manteve um relacionamento amoroso entre final de 2014 e maio de 2016. Esta foi a primeira condenação do ex-GM.
(Atualizada às 19h58)