Pesquisa realizada no início de 2006, pelo Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride), baseada em dados do Departamento Penitenciário do Estado, está sendo alvo de discussões nesta semana, durante o Seminário e o Curso Internacional de Técnica de Investigação Policial – Da cena do Crime ao Perfil do Criminoso, dado por agentes do FBI – Federal Bureau of Investigation. A pesquisa foi elaborada para tentar detectar a existência de perfis de possíveis criminosos em série entre os presidiários. A partir de agora, um banco de dados poderá ser montado no Paraná, para catalogar este tipo de criminoso, suas características e modo de agir.
"Com a criação deste banco de dados no Paraná, será possível realizar convênios com outros Estados que estejam interessados em trocar informações. Assim, quanto mais Estados aderirem ao sistema, mais fácil e rápida será a captura desses criminosos e a descoberta de novos casos", relatou o secretário da Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari.
Para realizar a pesquisa que deu início aos estudos, o Sicrite solicitou ao Departamento Penitenciário, no início de 2006, todos os prontuários de presos que cometeram crimes cruéis contra crianças, como tortura seguida de homicídio e estupro seguido de homicídio. Foram selecionados 144 presos de acordo com estes requisitos. "Nestes 144, encontramos 24 indivíduos com perfis de possíveis criminosos em série", contou a delegada Márcia Tavares dos Santos, que na época era titular do Sicride e hoje trabalha na Assessoria Civil da Sesp.
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De acordo com um outro levantamento realizado pelo Sicride, dos 263 casos registrados de crianças desaparecidas, entre 2003 e 2005, cinco foram encontradas mortas e, destas, três foram vítimas de possíveis criminosos em série. "Com estas duas pesquisas, percebemos a necessidade de adquirirmos técnicas para conhecermos melhor este tipo de criminoso. O perfil serve para auxiliar nas investigações, para identificar e prender um criminoso ainda desconhecido", relatou a delegada.
BANCO DE DADOS – O resultado das pesquisas deu início a estudos comparados da Polícia Civil do Paraná, para que seja lançado futuramente um banco de dados com a catalogação deste tipo de criminosos existentes no estado.
Depois de pesquisar técnicas, a Escola Superior da Polícia Civil organizou este curso do FBI, sobre Técnica de Investigação Policial – Da cena do Crime ao Perfil do Criminoso, que está sendo ministrado nesta semana a policiais paranaenses e de todo o país. "Na seqüência, pensamos em montar um banco de dados no estado que contenha informações de criminosos reincidentes nesta área. Este banco poderá ser acessado pela polícia em qualquer momento. Assim, se um crime de estupro ou tortura, seguido de homicídio acontece em um local, registrarmos neste banco e poderemos comparar com outros semelhantes, que aconteçam em locais diferentes. Desta forma chegarmos mais facilmente ao criminoso", concluiu a delegada.
O banco deverá conter dados de uma infração penal com todos os detalhes possíveis, principalmente o modus operandi. Desta forma, quando um crime acontecer, será traçado o perfil do criminoso a partir da análise da cena do crime e será pesquisado também neste banco de dados a existência de crimes semelhantes.